WASHINGTON (Reuters) – Foi um erro a chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, concordar em visitar a China, disse o Departamento de Estado norte-americano nesta terça-feira, em meio a preocupações de que restrições governamentais ao acesso dela possam prejudicar a avaliação sobre os direitos humanos no país.

Durante viagem de seis dias que começou na segunda-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos visitará a região de Xinjiang, no oeste da China, onde seu escritório disse no ano passado acreditar que membros da etnia uigur, de maioria muçulmana, foram detidos ilegalmente, maltratados e forçados a trabalhar.

Os Estados Unidos rotularam seu tratamento de “genocídio”, mas Pequim nega abusos.

“Não temos expectativa de que a RPC (República Popular da China) conceda o acesso necessário para realizar uma avaliação completa e não manipulada do ambiente de direitos humanos em Xinjiang”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price a jornalistas.

“Acreditamos que foi um erro concordar com uma visita dadas as circunstâncias”, declarou Price, acrescentando que Bachelet não conseguiria obter um quadro completo “das atrocidades, crimes contra a humanidade e genocídio” na região.

Questionado se o presidente da China, Xi Jinping, era responsável pelos abusos, Price disse que seria “difícil imaginarmos” que os níveis mais altos do governo chinês não estivessem cientes.

Bachelet pediu acesso irrestrito em Xinjiang, mas o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua visita será realizada em um “circuito fechado”, referindo-se a uma maneira de isolar as pessoas dentro de uma “bolha” para evitar que o vírus da Covid-19 se espalhe.

(Reportagem de Humeyra Pamuk, David Brunnstrom e Michael Martina)

tagreuters.com2022binary_LYNXNPEI4N15V-BASEIMAGE