Os Estados Unidos afirmaram, nesta quarta-feira (8), que avaliam a possibilidade de congelar novos envios de armas a Israel, após suspenderem uma entrega de bombas devido ao plano de invasão de Rafah, cidade palestina da Faixa de Gaza.

Em declarações a um comitê do Congresso, o secretário de Defesa Lloyd Austin confirmou que, na semana passada, foi congelado o envio de 1.800 bombas de 907 kg (2.000 libras) e outras 1.700 de 226 kg (500 libras).

“Interrompemos um envio de munições” a Israel, mas não “tomamos uma decisão final sobre como proceder com esse envio”, disse Austin.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os Estados Unidos estão muito preocupados com os planos de Israel de entrar em Rafah, onde mais de um milhão de palestinos buscam refúgio durante a guerra.

“Assim que suspendemos um envio de ajuda a curto prazo e estamos revisando outros”, disse.

Mas os Estados Unidos mantêm um “compromisso de longo prazo” com a segurança de Israel, acrescentou, citando a ajuda americana de abril para derrubar drones disparados do Irã.

Os Estados Unidos avaliam “a forma na qual Israel realizou suas operações no passado e qual foi o impacto sobre a população civil”, informou Miller.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu entrar em Rafah como parte de sua campanha para aniquilar o Hamas depois dos ataques de comandos do movimento islamista palestino em Israel em 7 de outubro de 2023.

Nesse dia, membros do Hamas mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250. Israel estima que, após uma troca de reféns por presos palestinos em novembro, 128 pessoas seguem em cativeiro em Gaza, das quais teme-se que 36 tenham morrido.

Israel lançou uma ofensiva de represália que já deixou 34.844 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

Agora, resta saber que efeito terá o alerta dos EUA contra uma invasão em Rafah.

Jon Alterman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em Washington, estima que o descontentamento americano certamente desempenha um papel, mas que “os israelenses também estão fazendo seus próprios cálculos”.

Outro especialista, Raphael Cohen, do centro de investigação RAND, acredita que “apesar da retórica de Netanyahu, Israel leva muito a sério a pressão americana”.

Ele cita como exemplo a abertura de diversas passagens de fronteira na Faixa de Gaza devido à pressão de Washington, a última delas em Kerem Shalom. “Dito isto, penso que será difícil para Netanyahu abandonar completamente a operação Rafah”, acrescenta.

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