A agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, FDA, anunciou, nesta quarta-feira (8), a aprovação do Zepbound, o aguardado medicamento para perda de peso da farmacêutica Eli Lilly, a última aquisição no campo dos novos e poderosos fármacos contra a obesidade.

Espera-se que o medicamento esteja disponível no mercado americano em algumas semanas, somando-se aos bem-sucedidos Ozempic e Wegovy, ambos do laboratório Novo Nordisk, e os analistas acreditam que será um sucesso de vendas.

Segundo as previsões da instituição financeira JPMorgan, as vendas anuais dos chamados medicamentos GLP-1 devem chegar a 140 bilhões de dólares (cerca de R$ 680 bilhões, na cotação atual) até 2032, com o mercado dominado por Novo Nordisk e Eli Lilly.

Administrado mediante uma injeção semanal, o Zepbound é indicado para pacientes obesos ou com sobrepeso que padeçam de pelo menos uma complicação relacionada, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e colesterol elevado.

“A obesidade e o sobrepeso são condições sérias que podem ser associadas com algumas das principais causas de morte como cardiopatias, acidente vascular cerebral e diabetes”, disse John Sharetts, da FDA, em um comunicado.

“À luz das crescentes taxas tanto de obesidade como de sobrepeso nos Estados Unidos, a aprovação de hoje responde a uma necessidade médica não atendida”.

O princípio ativo do Zepbound, chamado tirzepatida, havia sido aprovado sob o nome comercial Mounjaro, um medicamento de controle da diabetes também fabricado pela Eli Lilly.

– Perda de mais de 20 kg –

Em um ensaio clínico com mais de 2.500 adultos, as pessoas que tomaram Zepbound combinado com dieta alimentar e prática de exercício perderam 22 kg em média com a dose mais alta permitida, enquanto os que tomaram a dose mais baixa perderam pouco mais de 15 kg. Já os que receberam um placebo perderam apenas 3 quilos em média.

No início dos testes, o peso médio dos participantes era de 104 quilos.

Cerca de 70% dos adultos nos Estados Unidos são obesos ou têm sobrepeso; a perda de 5% a 10% do peso corporal mediante dieta e exercício está ligada a um menor risco de doenças cardiovasculares.

“As novas opções de tratamento trazem esperança para muitas pessoas com obesidade que lutam contra esta doença e buscam opções melhores para controlar o peso”, disse Joe Nadglowski, presidente e diretor-executivo da organização Obesity Action Coalition, em um comunicado.

O Zepbound será comercializado por 1.059,87 dólares (R$ 5.177,36, na cotação atual), o que pode limitar o número de pessoas que poderão usá-lo, dado que os planos de saúde nos Estados Unidos não costumam cobrir medicamentos para perda de peso.

Contudo, a Eli Lilly assinalou em um comunicado que as pessoas cobertas por um plano de saúde poderiam pagar apenas 25 dólares (cerca de R$ 120) por uma prescrição para um ou três meses.

– Riscos gastrointestinais –

Apesar de sua crescente popularidade, sabe-se que a nova classe de medicamentos para perda de peso, conhecidos como agonistas do receptor GLP-1, aumenta o risco de certos problemas gastrointestinais graves, de acordo com um amplo estudo publicado no mês passado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA).

Entre eles estão a paralisia estomacal, a pancreatite e a obstrução intestinal.

“Dado o amplo uso desses fármacos, estes efeitos adversos, embora pouco frequentes, devem ser considerados pelos pacientes que estejam pensando em utilizá-los para perder peso”, assinalou em comunicado o autor principal, Mohit Sodhi, estudante de medicina da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

Segundo a FDA, entre os efeitos colaterais conhecidos do Zepbound incluem náusea, diarreia, vômito, constipação, dores abdominais, reações às injeções, fadiga, reações alérgicas, arrotos, perda de cabelo e refluxo gastroesofágico.

De acordo com a agência reguladora, é sabido que o medicamento causa tumores de células C da tireoide em ratos, mas não se sabe se o mesmo se aplica aos humanos.

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