Os Estados Unidos miram em mais de 500 pessoas e organizações de vários países em sua maior rodada de sanções contra a Rússia, desde que o país euroasiático invadiu a Ucrânia há dois anos e em resposta à morte na prisão do opositor russo Alexei Navalny.

Três funcionários russos estão entre os sancionados pelos Estados Unidos por seu envolvimento nesta morte, anunciou o Departamento de Estado.

Empresas de 26 Estados e nacionais de 11 países, entre eles a China e a Alemanha, figuram entre os mais de 500 indivíduos e organizações sancionadas por alimentarem a máquina de guerra russa ou por ajudar o governo a driblar as sanções internacionais.

O novo pacote eleva a mais de 4.000 as entidades e pessoas sancionadas por Washington desde o início da guerra.

O Departamento de Comércio acrescentou mais de 90 empresas à sua lista de restrição.

“Para negar à Rússia os recursos necessários para apoiar sua brutal guerra contra a Ucrânia, o Tesouro designa alvos que incluem uma importante engrenagem da infraestrutura financeira” russa, informou o Departamento de Tesouro.

O Departamento também incluiu “mais de vinte terceiros países que escaparam das sanções na Europa, Ásia oriental, Ásia central e Oriente Médio e centenas de entidades dentro do complexo militar-industrial da Rússia e outros setores chaves”.

A longa lista engloba diversas empresas de tecnologia dos setores de semicondutores, óptico, drones e sistemas de informação, e também um instituto de matemática aplicada.

O sistema de pagamento russo Mir também foi sancionado. Seu desenvolvimento “permitiu à Rússia contruir uma infraestrutura financeira que lhe permite driblar as sanções e reconstruir os laços rompidos com o sistema financeiro internacional”, apontou o Departamento de Tesouro em um comunicado.

Os cartões Mir, desenvolvidos em 2015 em resposta às sanções ocidentais após a anexação da Crimeia em 2014, permitem aos russos realizarem pagamentos e retirarem dinheiro em determinados países estrangeiros.

– Setor financeiro russo –

“Se Putin não pagar o preço pela morte e destruição (que provoca), seguirá adiante”, advertiu nesta sexta-feira (23) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em uma declaração na véspera do aniversário de dois anos da invasão da Ucrânia.

Biden cita em sua declaração “mais de 500 novas sanções” contra “indivíduos vinculados à prisão de Navalny” e contra “o setor financeiro, a indústria de defesa, as redes de abastecimento e os evasores de sanções em múltiplos continentes”.

“Estamos tomando medidas para reduzir ainda mais as receitas energéticas da Rússia. E pedi à minha equipe que aumente o apoio à sociedade civil, aos meios de comunicação independentes e àqueles que lutam pela democracia em todo o mundo”, escreveu Biden.

Os Estados Unidos e a União Europeia já aplicam uma bateria de sanções contra Moscou desde o início da guerra após a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

O governo americano sempre forneceu apoio a Kiev, mas o desembolso de novos fundos no valor de 60 bilhões de dólares (296 bilhões de reais) está bloqueado no Congresso devido à oposição do núcleo duro dos republicanos, próximos ao presidente Donald Trump, favorito para a indicação de seu partido para as presidenciais de novembro.

Biden exortou os congressistas a aprovar esses fundos “antes de que seja tarde demais”.

“Agora é o momento de que nos mantenhamos firmes com a Ucrânia e unidos com nossos aliados e parceiros. Agora é o momento de demonstrar que os Estados Unidos defendem a liberdade e não se inclinam diante de ninguém”, disse Biden.

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