O ministro da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, anunciou, nesta segunda-feira (18), a criação de uma coalizão de dez países para fazer frente aos ataques dos rebeldes huthis, do Iêmen, no Mar Vermelho, realizados em resposta à guerra em Gaza.

“Os países que buscam defender o princípio fundamental da liberdade de navegação devem se unir para abordar o desafio proposto por este ator não estatal”, afirmou Austin por meio de nota.

Esta aliança, segundo o ministro americano, será integrada por Estados Unidos, França, Reino Unido, Bahrein, Canadá, Itália, Países Baixos, Noruega, Espanha e Ilhas Seychelles.

Durante visita a Israel, Austin já tinha pedido nesta segunda que o Irã “deve cessar” seu apoio “aos ataques contra barcos comerciais”.

Israel não faz parte da coalizão anunciada por Washington.

Em 2019, os Estados Unidos já tinham impulsionado uma coalizão naval para proteger o comércio marítimo na região do Golfo, após uma série de ataques que as autoridades israelenses atribuíram a Teerã.

– Evergreen e BP se retiram, entre outros –

Os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, reivindicaram nesta segunda a autoria de dois ataques contra navios “vinculados a Israel” no Mar Vermelho, em solidariedade a Gaza, e várias empresas anunciaram que vão evitar esta importante rota comercial por causa dessas agressões.

Os huthis, que controlam a capital iemenita, Sanaa, desde 2014 e outras áreas do país, afirmaram em um comunicado que “realizaram uma operação militar contra dois barcos vinculados com a entidade sionista”, em referência a Israel.

Os rebeldes indicaram que o navio norueguês “M/V Swan Atlantic”, que navega com bandeira das Ilhas Cayman, e o “MSC Clara”, de bandeira panamenha, foram atacados após se recusarem a responder a seus chamados de contato.

Cerca de 40% do comércio mundial passa pelo estreito de Bab Al Mandab, o corredor que conecta o Chifre da África com a Península Arábica e onde os huthis aumentaram seus ataques.

Os huthis advertiram que vão atacar qualquer navio que se dirija a portos israelenses e que navegue em frente ao litoral do Iêmen, como medida de pressão em resposta à guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas em Gaza.

Esta ameaça fez com que cinco transportadoras, entre elas as duas maiores empresas de frete marítimo do mundo, anunciassem na semana passada que evitariam o Mar Vermelho, que liga o Mediterrâneo ao Oceano Índico.

A petrolífera britânica BP anunciou nesta segunda-feira que suspenderá qualquer envio por esta rota, uma notícia que fez os preços do petróleo subirem. A gigante taiwanesa de navegação Evergreen fez o mesmo.

A Frontline, uma das maiores companhias de navios-petroleiros do mundo, declarou que estava realizando mudanças nos trajetos das embarcações e que “apenas aceitaria novos negócios” que possam passar pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. Esta rota é muito mais longa e consome mais combustível.

A gigante ítalo-suíça Mediterranean Shipping Company (MSC), a francesa CMA CGM, a alemã Hapag-Lloyd, a belga Euronav e a dinamarquesa A.P. Moller-Maersk – esta última responsável por 15% do transporte mundial de contêineres – deixaram de operar no Mar Vermelho até segundo aviso.

Os ataques se transformaram em “uma crise de segurança marítima” com “implicações comerciais e econômicas na região e além”, comentou à AFP Torbjorn Soltvedt, do centro de análise Verisk Maplecroft.

– Sem ‘relação alguma com Israel’ –

O “M/V Swan Atlantic” foi atingido nesta segunda enquanto navegava pelo Mar Vermelho por um “objeto não identificado”, informou o proprietário, o armador norueguês Inventor Chemical Tankers.

Nenhum tripulante, todos de nacionalidade indiana, ficou ferido e o barco sofreu “danos limitados”, detalhou o armador em um comunicado.

“O navio não tem nenhuma relação com Israel”, afirmou o proprietário da embarcação, que informou que a embarcação fazia um trajeto da França para a Ilha da Reunião, um território ultramarino francês no Oceano Índico.

No sábado, um destróier americano derrubou no Mar Vermelho 14 drones lançados de zonas do Iêmen controladas pelos rebeldes, informou o Exército americano.

O Reino Unido também afirma que um de seus destróieres derrubou um suposto drone de ataque na zona.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, no qual seus combatentes mataram cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 250, segundo as autoridades israelenses.

O Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, afirma que mais de 19.453 pessoas, a maioria mulheres e menores de 18 anos, morreram na ofensiva de Israel.

cbw/fio/an-hgs-sag/jvb/rpr/dd/mvv/ic

FRONTLINE

TUI AG

EURONAV

BP