Os Estados Unidos alertaram seus cidadãos, neste sábado (9), para o risco de investir na Nicarágua devido à recente aprovação de uma lei de segurança fronteiriça, que o governo americano e opositores nicaraguenses no exílio denunciam como um “confisco maciço” de propriedades.
A Assembleia Nacional da Nicarágua, controlada pelos copresidentes Daniel Ortega e Rosario Murillo, marido e mulher, aprovou, na terça-feira, uma lei que transforma em “propriedade do Estado” os 15 km “para o interior” de suas fronteiras com Honduras e a Costa Rica, como uma medida de “segurança nacional” para combater “o crime organizado e o narcotráfico internacional”.
Embora o governo nicaraguense tenha destacado, em declarações à mídia oficial, que a lei “não afeta” os moradores da região fronteiriça, opositores nicaraguenses no exílio alertaram que se trata de um plano de confisco.
“O confisco maciço por parte do regime Murillo-Ortega das terras dentro dos 15 quilômetros adjacentes às fronteiras nicaraguenses devasta dezenas de comunidades e põe em risco as vidas e o sustento de milhares de pessoas”, destacou no X a embaixada dos Estados Unidos na Nicarágua.
A missão advertiu que “qualquer americano que esteja pensando em investir na Nicarágua deve ter cuidado”, replicando uma mensagem do Escritório de Assuntos para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado.
A ex-comandante guerrilheira nicaraguense Dora María Téllez, exilada na Espanha e ex-aliada de Ortega, acusou pelo X, neste sábado, os copresidentes da Nicarágua de promover um “grande confisco” de “seus negócios mineiros” com empresas da China.
O Movimento Camponês da Nicarágua, por sua vez, cujas lideranças estão exiladas na Costa Rica e nos Estados Unidos, rejeitou a nova lei fronteiriça, ao assinalar que “é um processo de confisco a mais”, que afeta “os territórios indígenas e afrodescendentes demarcados e titulados”.
Ortega, um ex-guerrilheiro de 79 anos, presidente da Nicarágua entre 1985 e 1990 e novamente no poder desde 2007, e Murillo, de 74 anos, mantêm forte controle sobre a sociedade nicaraguense desde 2018, ano marcado por protestos contra o governo.
A repressão às manifestações, que Ortega e Murillo qualificaram como um “golpe de Estado” promovido por Washington, deixaram mais de 300 mortos, segundo a ONU.
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