Os Estados Unidos acusaram nesta sexta-feira (14) a Rússia de ter “posicionado” agentes na Ucrânia para realizar uma operação que poderia servir de “pretexto para uma invasão”.

“A Rússia lança as bases para ter a possibilidade de fabricar um pretexto para uma invasão, inclusive por meio de atos de sabotagem e operações de informação, acusando a Ucrânia de planejar um ataque iminente contra forças russas no leste da Ucrânia”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, detalhando à imprensa informações de que Washington diz dispor.

“O exército russo prevê iniciar essas atividades várias semanas antes de uma invasão militar, que poderia começar entre meados de janeiro e meados de fevereiro”, alertou, considerando que um ataque deste tipo poderia estar acompanhado de “violações generalizadas dos direitos humanos e de crimes de guerra”, se a diplomacia fracassar.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, considerou a informação “muito confiável”.

Kirby explicou que estes agentes poderiam vir de “serviços de Inteligência, serviços de segurança e inclusive do exército” russos.

Suas forças são frequentemente “híbridas” ao ponto de que “os limites não são necessariamente muito claros sobre a quem correspondem especificamente estas operações mais encobertas”, argumentou.

Moscou refutou taxativamente as acusações. “Até agora, todas estas declarações foram infundadas e não há nada que as confirme”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskiv, citado pela agência TASS.

Uma série de reuniões de alto nível esta semana entre Ocidente e os russos não evitou, até o momento, o risco de uma nova guerra na Ucrânia.

Americanos, europeus e ucranianos acusam a Rússia de ter enviado cerca de 100.000 soldados para a fronteira com a intenção de promover uma possível invasão do país vizinho. Moscou nega as acusações e afirma que quer se defender da política da Otan de ampliação para o leste, a qual considera ameaçadora às suas portas.

Psaki também se referiu à onda de ataques cibernéticos sofridos nesta sexta-feira pela Ucrânia, que deixaram fora do ar vários sites do governo, e destacou que os Estados Unidos estão “preocupados com o ciberataque em larga escala”.

“Não determinamos quem é o responsável por esta etapa”, acrescentou, afirmando que “os líderes de opinião russos já começaram a criar provocações ucranianas na mídia pública e nas redes sociais para justificar a intervenção russa e semear a divisão na Ucrânia”.

O governo de Kiev qualificou o ataque desta sexta-feira de “maciço” e sustentou que diversas agências e escritórios estatais “estão temporariamente fora de serviço”, embora tenha assegurado que não houve danos importantes. A autoria do ataque não foi reivindicada.

Uma das hipóteses levantadas é que, como prolegômenos de uma ofensiva militar, fosse lançado um grande ataque cibernético contra infraestruturas estratégicas ucranianas para desorientar as autoridades. A Ucrânia tem sido alvo de vários ciberataques nos últimos anos, atribuídos à Rússia.