Os Estados Unidos exortaram neste sábado a China a “deixar de minar a soberania de outros países” e anunciaram importantes investimentos, nos próximos cinco anos, para manter sua supremacia militar na região Indo-Pacífico.

A luta de influência na Ásia entre Estados Unidos e China, com potenciais conflitos no Mar da China Meridional, no estreito de Taiwan ou na Coreia do Norte, concentrou os debates em uma conferência de segurança celebrada em Singapura, conhecida como Diálogo de Shangri-La.

“A China pode e deve ter relações de cooperação com o restante da região”, declarou o chefe interino do Pentágono, Patrick Shanahan.

“Mas os comportamentos que minam a soberania de outras nações e semeiam desconfiança sobre as intenções chinesas devem acabar”, completou em seu discurso na conferência.

“Até que faça isto, nos oporemos à visão de futuro míope, estreita e provinciana, e defenderemos a ordem livre e aberta da qual nos beneficiamos todos, inclusive a China”, disse Shanahan.

O governo dos Estados Unidos critica Pequim por ter militarizado várias pequenas ilhas do Mar da China Meridional reivindicadas por Taiwan, pelo sultanato de Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã.

Washington realiza de modo regular operações denominadas de “liberdade de navegação” no Pacífico, sobrevoando o espaço aéreo internacional ou com navios de guerra perto dos arquipélagos disputados ou no estreito de Taiwan, o que Pequim considera parte de suas águas internacionais.

“Quando um país faz uma promessa e não a respeita, é preciso desconfiar. Quando o mesmo país não faz qualquer promessa, realmente há que desconfiar”, disse Shanahan sobre o que o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu ao então líder americano, Barack Obama, sobre não militarizar os arquipélagos controlados por Pequim no Mar da China Meridional.

“Os Estados Unidos não querem conflitos, e sabemos que manter as capacidades para ganhar uma guerra é o melhor meio de evitá-las”, declarou o secretário de Defesa americano interino, que mencionou entre os riscos para a segurança da região a Coreia do Norte, que “continua sendo uma ameaça extraordinária e requer uma vigilância permanente”.

“Nenhuma nação pode, nem deve, dominar a região Indo-Pacífica”, destacou. “Queremos assegurar que nenhum adversário acredite que pode alcançar objetivos políticos pela força das armas”.

Shanahan recordou que o orçamento do Pentágono, que ainda deve ser aprovado pelo Congresso, prevê gastos em pesquisa e desenvolvimento de 104 bilhões de dólares.

O Pentágono “investirá muito durante os cinco próximos anos em programas cruciais para uma região Indo-Pacífica estável e segura”, completou, antes de mencionar, entre outros aspectos, a defesa antimísseis, um domínio em que Pequim investiu muito nos últimos anos.

“A região Indo-Pacífica é nosso palco de operações prioritário. Investimos na região. Investimos em vocês e com vocês”, concluiu.

Pela primeira vez desde 2011, a China enviou ao encontro seu ministro da Defesa, o general Wei Fenghe, que pronunciará um discurso no domingo para responder às declarações de Shanahan.