Eu não esperava a separação

Eu não esperava a separação

Julia leão Fotos Marcelo Liso / Ag. IstoÉ Edson Celulari está feliz da vida. Terminando a temporada de sucesso da peça Nem um Dia se Passa Sem Notícias Suas ? em cartaz em São Paulo, no Teatro Cultura Artística, até o domingo 1º ?, ele se prepara para voltar à tevê na próxima novela das 19h da Globo, o remake de Guerra dos Sexos. E está apaixonado. Dois anos depois de se separar da atriz Cláudia Raia, com quem ficou casado por 17 anos e tem dois filhos ? Enzo, 15, e Sophia, 9 ?, o ator de 54 anos e 33 de carreira curte o namoro com a arquiteta e atriz Karin Roepke, 30. ?Estou superapaixonado por ela?, diz Celulari, aos suspiros. Mas isso não significa que a separação de Cláudia Raia tenha sido superada com facilidade. Nada disso. ?O divórcio foi muito doloroso. Eu não esperava. Mas você tem de superar?, declara. Ele superou. E parece viver um dos seus melhores momentos. Na vida e no trabalho. Além do namoro, Edson Celulari está num patamar especial na carreira. Prova disso é o papel que fará no remake de Guerra dos Sexos, que deve estrear em setembro ou outubro. Na trama, o ator viverá Felipe, personagem interpretado por ninguém menos do que Tarcísio Meira na versão original da novela, exibida em 1983. É quase uma passagem de bastão. Não é exagero dizer que Edson Celulari é, hoje, o que Tarcísio Meira era há 30 anos para a tevê brasileira: um ator maduro, experiente, admirado e respeitado pela sua beleza e talento. Um legítimo galã. E, se depender dele, esse talento ainda produzirá muita arte no País. ?Pretendo trabalhar até os 100 anos?, diz. Eu não esperava a separação Como foi atuar com alguém da família? Tenho orgulho e foi ótimo. O Pedro (Garcia Netto, 34 anos, sobrinho do ator que contracena com ele na peça Nem Um Dia se Passa sem Notícias Suas) começou com teatro amador. Tenho um carinho muito especial por ele. Trabalhar com ele é poder compartilhar uma intimidade que raramente você pode ter com um ator em cena. Nossa peça fala de família, de envolvimento de sangue. No palco, temos flashes de olhares que são algo muito pessoal. Você teria vontade de atuar com seu filho (Enzo, 15 anos)? Primeiro, ele teria de ser ator. Tento não misturar essa coisa de criação com a vida profissional. Ele tem dom para a música. Já faz aula há muito tempo. Toca guitarra, bateria, violino. Ele tem vocação. Acho que pode vir a ser algo que ele vai seguir. Como ficou a sua relação com seus filhos, após a separação? Eu tenho uma relação muito próxima com eles. Acho que isso ajudou para que superassem muito bem a separação dos pais. Continuo sendo um pai muito atento com o Enzo e com a Sophia (9 anos). Graças a Deus, está tudo ótimo. Você olha para os seus filhos e compara a sua infância com a deles? Eu tinha o mundo nas mãos, mas de outra forma. Hoje, meus filhos têm celular e sabem o que está acontecendo no Japão, nos EUA, na Europa. Mas tento preservar o lúdico na criação deles. A internet é boa, mas às vezes atrapalha. Acho que o básico do ser humano continua igual. Nossa essência é a mesma. Só os meios mudaram. Não adianta ter todo acesso à informação se você não é criativo. Por isso, eu e a Cláudia incentivamos nossos filhos a trabalhar o lado criativo, lúdico. Você impõe regras a eles? Claro. Eu e a Cláudia conversamos muito sobre isso. Sempre que podemos, nos encontramos para falar de limites, coisas da rotina. Eu sou o pai e ela é a mãe. Tem de haver esse tipo de conversa. Precisamos determinar coisas e espaços que eles podem ter ou não. Por falar na sua ex-mulher… Como foi a separação de vocês? Você nunca terminou um namoro? Separação é triste. O divórcio foi muito doloroso. Eu não esperava pela separação. Mas você tem de superar. Hoje, é normal que a vida continue. O que houve foi uma separação de duas pessoas públicas, com a maior elegância possível. Por que não esperava? Mas essa é a pauta da entrevista? Você está tão aberto sobre tudo que achei que poderia falar. Prefiro não falar. Como é a relação de vocês hoje? A gente tenta se dar bem. E conseguimos, porque queremos cuidar dos nossos filhos. A questão é tocar a vida. Vou continuar vivendo. Hoje, enfrento a página virada com a maior naturalidade, mesmo a separação não tendo sido simples. Aliás, a minha peça fala de página virada. Eu sou assim. Esse foi um dos motivos de eu ter gostado tanto do texto, pois levo a vida dessa maneira. Quando algo acontece, ponho ponto final e viro a página. Então, Cláudia Raia é página virada na sua vida? Sim. A Cláudia é página virada. E o namoro com a Karin, como está? Muito bom. Com o tempo, o coração se apaixona por outra pessoa. Estou namorando e meu namoro está ótimo. A Karin é uma pessoa muito querida. Estamos iniciando uma relação agora. Estou muito feliz. Se não estivesse, não estaria namorando. Como é ter uma namorada do meio artístico novamente? Na verdade, a Karin é arquiteta, mas também é cantora, bailarina e atriz. Ela está buscando o espaço dela. Conversamos e é natural que falemos de trabalho. Trocamos algumas dicas. É bom saber aprender em qualquer idade. Estou superapaixonado por ela. Gosto muito da companhia e da amizade da Karin. Tudo nela me atraiu. Você acha que a renovação de rostos na televisão pode vir a afastar antigos galãs, como você? A televisão sempre usou rostos novos. Acho que sempre vai ter isso. Mas sempre vai existir a necessidade de um personagem de pai e avó. E eu pretendo trabalhar até os 100 anos. Não penso no passado. Tenho orgulho do que fiz e até lembro, mas não sou nostálgico. O que fiz está feito. Uso o passado apenas como referência. Procuro ser prático. Essa maturidade conta a meu favor. A idade só tem a acrescentar. Ainda se vê como um galã? As tias e avós do Brasil acompanharam minha trajetória, me viam como galã. Mas não sou de rótulos. Quero poder divertir e emocionar as mulheres. É isso que me interessa. É o meu ofício. Mas acho bacana as pessoas reconhecerem meu trabalho, a histeria de algumas fãs. Sempre tentei lidar com o assédio com naturalidade. Gosto de falar com meus fãs, posar para foto. Adoro o que faço e me divirto com tudo, até com o assédio. Acha que está mais sexy aos 54 anos? Acho que posso servir de referência para mulheres e para homens. É natural. Mas isso não me preocupa. Continuo sendo quem eu sou. Aos 20 anos, eu era o Edson jovem. Aos 30, era outro homem. Hoje, aos 54, sou outro Edson. Mas não sei se sou mais ou menos sexy. Como você encara a questão de envelhecer? É complicado. Mas tenho um condicionamento físico bacana e sou bem ativo para a minha idade. Faço pilates, aeróbica, musculação. Jogo tênis de mesa, bato bola com meu filho. Faço até stand up no mar (espécie de surfe, praticado com remo). Estou bem para minha idade. A idade traz um novo ritmo à vida. Sou vaidoso e gosto de cuidar da saúde. Como lida com a vaidade? Eu vou à dermatologista e até compro os produtos que ela manda. Mas só uso por uma semana e depois esqueço. Acho que tenho de cuidar mais da minha pele, que é o meu instrumento de trabalho. Saio de casa com protetor solar. Também vou ao nutricionista. Sei o que posso e o que não posso comer. Sou vaidoso. Gosto de me vestir bem. Procuro roupas com bom caimento. Gosto de ler sobre moda, acompanhar as tendências. Um dos meus melhores amigos é o Ricardo Almeida (estilista). Ele me dá muitas dicas. Agora, somos parceiros de tênis de mesa. Aprendi a jogar em Bauru (interior de São Paulo, onde ele cresceu) com os japoneses. O interior é bem tradicional. Você sentiu um choque de cultura quando saiu de Bauru para São Paulo? Foi difícil porque optei pelo teatro e não pelo negócio do meu pai, que tinha uma lanchonete. Como meu pai sempre me apoiou, foi mais fácil. Cheguei a São Paulo aos 17 anos, para fazer faculdade de artes cênicas. Comecei a correr atrás. Passei por situações difíceis, mas sou uma pessoa que tem determinação e sempre soube que queria ser ator. E a Universidade de São Paulo (USP), onde estudei, sempre me deu muito apoio na arte e no teatro, que são a minha base. Na faculdade, só tinha doido. Mas eu vivia bem com todo tipo de loucura. E os loucos também viviam bem com as minhas loucuras (risos). Que tipo de loucuras? Muitas. Mas cada um com a sua. Nenhum artista é normal. Vejo o mundo de uma forma sonhadora. Mas, muitas vezes, ele é muito concreto. Sou um interpretador das loucuras e das nuances da vida. Sou feliz e acho que fiz uma carreira boa na televisão. Tenho meu espaço e não é simples manter o nome aqui no Brasil. No teatro, já experimentei de tudo. Já produzi muito também. Gosto de interferir na direção. Também tive experiência no cinema, mas quero ter mais.