“Antes eu não entendia nada” sobre ecologia, confessou o papa Francisco nesta quinta-feira(03) a personalidades francesas empenhadas na defesa do meio ambiente, às quais pediu “que façam este caminho de conversão ecológica”, um dos temas centrais de seu pontificado.

Em 2007, antes de ser eleito papa, o arcebispo argentino Jorge Bergoglio participou de uma reunião da Conferência Episcopal Latino-americana em Aparecida, no Brasil.

“Eu estava no grupo de redatores do documento final quando chegaram as propostas da Amazônia. Eu disse: ‘Mas esses brasileiros, que importância tem a Amazônia!’. Isso foi em 2007. Em 2015, foi lançada a ‘Laudato Si’ [encíclica do papa]. Houve então uma mudança na compreensão do problema ecológico. Antes eu não entendia nada”, disse o papa ao visitantes, entre eles, a atriz Juliette Binoche, segundo o Vaticano.

“Devemos trabalhar para que todos façam esse caminho de conversão ecológica”, defendeu.

O Papa expõe sua visão na encíclica “Laudato si”, publicada em maio de 2015, um texto com conotações sociais sobre a ecologia e que denuncia a exploração do homem e da natureza.

Esse escrito, que menciona a Amazônia em particular, repercutiu além da esfera religiosa, defendendo uma “ecologia integral”, inserindo intimamente o ser humano na natureza.

Também levou o papa em janeiro de 2018 a Puerto Maldonado, uma cidade no sudeste do Peru, na floresta amazônica, onde se reuniram milhares de indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos. No outono de 2019, o pontífice convocou um sínodo sem precedentes dedicado à Amazônia no Vaticano.

“Descobri a sabedoria do ‘viver bem’ dos indígenas”, que consiste em “viver em harmonia com a criação”, afirmou aos franceses, concluindo que essa sabedoria se perdeu na sociedade atual.

O papa lançou na primavera “um ano especial Laudato Si”, repleto de iniciativas tomadas pelas conferências episcopais.

Entre os quinze participantes do encontro desta quinta-feira, incluindo religiosos, pesquisadores da biodiversidade e agricultores, um enviado da prefeitura de Paris convidou Francisco para visitar a capital francesa em dezembro nos cinco anos do “Laudato Si” e do Acordo de Paris sobre o clima.