No dia 9 de outubro de 2022, uma mulher, que preferiu não se identificar, deu entrada no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, para dar à luz seu terceiro filho. A princípio, havia ocorrido tudo bem com o parto normal. Porém, no dia seguinte, uma equipe médica identificou uma hemorragia e a paciente precisou ser tratada. O quadro se agravou e ela precisou amputar a mão e o punho esquerdos.

Em entrevista à IstoÉ, a mulher afirmou que demorou cerca de três meses para trazer o caso à tona porque primeiro teve de se informar para saber se poderia entrar com uma ação judicial contra o hospital. Nesse momento, segundo ela, a advogada responsável pelo caso pesquisou a fundo e descobriu que a instituição de saúde havia cometido alguns erros que poderiam ter evitado a amputação dos seus membros.

Ainda de acordo com ela, o hospital alegou que não tinha conhecimento sobre o seu caso. Apenas teve ciência do que havia acontecido após a grande repercussão na mídia. “Amanhã (quarta-feira), eu e a advogada teremos uma reunião com os responsáveis pelo hospital. No encontro, eles vão explicar o que houve e eu vou contar o que aconteceu comigo depois da amputação”, relatou.

Adaptação

A mulher afirmou que a sua adaptação foi difícil no começo, porque ela não conseguia olhar para o que havia acontecido. “Toda vez que eu tentava me olhar no espelho, a minha mente criava um bloqueio. Eu não consegui me olhar no espelho e ver que um braço está menor que o outro. Até falar sobre isso era muito difícil para mim. Hoje em dia eu já consigo conversar sobre o que aconteceu”, acrescentou.

Ela também ressaltou que a sua família criou uma rede de apoio para poder ajudá-la. A mulher frisou que o seu marido, sogra, mãe e irmã estão sempre à disposição para dar banho no bebê ou auxiliá-la na preparação de alguma comida.

Mesmo assim, para ela, o que mais doeu no início desse processo foi não conseguir cuidar do filho mais novo do jeito que queria. “Tudo está sendo diferente com ele. Após os partos dos mais velhos, recebi alta em dois dias e já comecei a tomar conta deles. Com o mais novo não, tive de ficar internada e, quando voltei para casa, não pude cuidar dele”, desabafou.

O caso

Após o parto do seu filho mais novo, a mulher teve uma hemorragia, que se chama de inversão uterina, e precisou receber medicamento intravenoso na mão esquerda. Porém o local começou a inchar e ficar roxo.

Imagem concedida

Por conta disso, ela precisou ser transferida às pressas para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital da Mulher Intermédica de São Gonçalo, localizado na zona leste da Baixada Fluminense (RJ). Uma equipe médica constatou a gravidade do caso e, para salvar o restante do braço esquerdo, informou que a mão e o punho precisavam ser amputados.

Questionado pela IstoÉ sobre o que aconteceu com a mulher, o hospital informou por meio de nota que se solidariza com ela e lamenta profundamente o ocorrido. “Reitera o empenho em apurar com toda seriedade, transparência e atenção os procedimentos médicos e hospitalares adotados durante seu atendimento. Para tanto, solicitou ao Comitê de Ética Médico a coordenação desses trabalhos.”

“Independentemente de tal apuração, o hospital vem mantendo contato com a paciente e seus representantes para prestar todo acolhimento possível e atender suas necessidades, assim como se mantém à disposição para que todos os esclarecimentos necessários sejam realizados”, completou.

Já a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou ao portal que o caso foi registrado na 41ª Delegacia de Polícia (Tanque) e segue sendo investigado como lesão corporal culposa. A corporação frisou que deve ouvir testemunhas e solicitar alguns documentos ao hospital para conseguir esclarecer a ocorrência.

Agora a mulher se preocupa em como vai retomar a sua vida. Ela informou que trabalha há seis anos na rede Assaí Atacadista e há um ano foi promovida como fiscal de caixa. No momento ela está afastada da sua função por conta da licença maternidade. “Não sei como vai ser quando eu retornar. Eu usava as duas mãos para retirar e contar o dinheiro dos caixas. A empresa afirmou que não vai me demitir e sim procurar alguma solução”, finalizou.