O etíope Tamiru Demisse, de 22 anos, fez um símbolo, com os braços cruzados, contra o governo de seu país ao cruzar a linha de chegada dos 1.500 metros, categoria T13 (deficiente visual), na noite deste domingo, no estádio Olímpico, o Engenhão. Ele ganhou a medalha de prata na prova pela Paralimpíada do Rio-2016.

Durante a Olimpíada, no mês passado, o etíope Feyisa Lilesa, de 26 anos, também fez o mesmo gesto ao cruzar a linha de chegada em segundo lugar na maratona e, depois, afirmou que poderia ser morto ou preso, se voltasse para casa.

No pódio, Tamiru repetiu o gesto. Em entrevista aos jornalistas, o etíope também afirmou que não pode voltar para casa e que gostaria de ser recebido pelos Estados Unidos. “Sou totalmente contra o que estão fazendo no meu país”, afirmou.

O símbolo feito pelos dois é uma alusão ao gesto utilizado por manifestantes contra o governo da Etiópia. Uma das polêmicas vividas no país é que, para expandir a área destinada a fábricas e dar continuidade ao plano nacional de desenvolvimento, o governo tem desapropriado territórios historicamente ocupados pelos oromos. Uma parte da população reagiu, iniciando uma onda de protestos contra o governo que terminou em confronto e mortes. Segundo a ONG Human Rights Watch, as forças de segurança mataram cerca de 100 pessoas.