O grupo separatista basco ETA afirmou que tem consciência da “dor” e dos “graves danos” provocados durante sua luta armada e pediu “perdão” às vítimas, em um comunicado publicado nesta sexta-feira pelo jornal basco Gara, a poucos dias de sua aguardada dissolução.

“Provocamos graves danos que não têm retorno. Pedimos perdão a estas pessoas e suas famílias”, anuncia a organização no comunicado, em que afirma ter consciência de “que neste longo período de luta armada, provocamos muita dor”.

“Pedimos desculpas de verdade. Estas palavras não solucionarão o ocorrido, nem reduzirão tanta dor. Nós falamos com respeito, sem querer provocar novamente nenhuma aflição”, completa a organização.

Criado em 1959 durante a ditadura de Francisco Franco, o ETA tem um histórico de atentados com bomba e assassinatos que deixaram 829 mortos em nome de sua luta armada pela independência do País Basco e Navarra.

Para o governo da Espanha, o pedido de desculpas do ETA demonstra a “força do Estado de direito”.

“Não é mais que outra consequência da força do Estado de Direito que venceu o ETA com as armas da democracia”, anunciou o governo liderado pelo primeiro-ministro conservado Mariano Rajoy.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Há muito tempo o ETA deveria ter pedido desculpas de forma sincera e incondicional”, completou o governo em um comunicado.

“É bom que o grupo terrorista peça perdão às vítimas, porque as vítimas, sua memória e sua dignidade foram determinantes na derrota do ETA”.

Mas em seu comunicado, o ETA afirma que não é o único responsável pela dor no País Vasco: “O sofrimento imperava antes do nascimento do ETA e continuou depois que o ETA abandonou a luta armada”.

O ETA renunciou à luta armada em 2011 e em abril de 2017 entregou suas armas, quando apresentou à justiça francesa uma lista de seus depósitos.

Um membro do Grupo Internacional de Contato (GIC), formado por personalidades de diferentes países para trabalhar pela paz no País Basco, revelou na quinta-feira que o anúncio da dissolução do ETA acontecerá no primeiro fim de semana de maio, no País Basco francês.

O governo espanhol sempre insistiu em exigir a dissolução do ETA. Ao receber a informação na quinta-feira sobre o anúncio de maio, o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, disse que a organização “não receberá nada em troca”.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias