O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reconheceu que estudos alertavam sobre as possibilidades de enchentes no estado, mas que o governo possuía outras prioridades até o início da tragédia climática que aflige o território gaúcho no mês de maio. A declaração foi dada durante uma entrevista do político para o jornal Folha de S.Paulo no Palácio Piratini, em Porto Alegre.

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Até o momento, foram registradas 157 mortes em decorrência da tragédia climática, conforme o boletim divulgado pelas autoridades gaúchas às 9h desta segunda-feira, 20. O número de municípios afetados chegou a 463 e cerca de 600 mil pessoas estão fora de casa.

Na entrevista, Eduardo Leite declarou que a sua gestão possuía outras pautas e agendas quando recebeu os alertas sobre a possível crise climática que viria a ser enfrentada. “A gente entra aqui no governo e o estado estava sem conseguir pagar salário, hospitais e municípios. O que se impunha era o restabelecimento da capacidade fiscal”, apontou o governador.

Apesar disso, o político reforça que agora os alertas possuem outro grau de importância não apenas para o governo, mas também para a sociedade como um todo. “Vamos estruturar o poder público para tentar depurar o que é crítico e o que não é tão assim […] Já recebi alertas que não se revelaram”, reitera Leite, que relatou ter passado por noites intensas nos primeiros dias da crise.

Conforme o governador, foi criado um comitê com especialistas para orientar a reconstrução do estado com foco nas mudanças climáticas. “Nós chamamos de Plano Rio Grande, que estamos estabelecendo desde quando o presidente Lula veio aqui”, afirmou o político, acrescentando que o número de R$ 19 bilhões para reestruturação foi apenas uma primeira estimativa.

Após a criação do Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, por parte do Governo Federal, Paulo Pimenta (PT) foi apontado como chefe da pasta. Por conta das divergências entre o nomeado e Eduardo Leite, o governador alegou que possui um receio sobre a questão política da tragédia.

“A dimensão que tem essa tragédia exige uma coordenação de esforços, um alinhamento entre forças políticas, empresariais e sociedade civil que é especialmente difícil nos tempos atuais”, declarou Leite. “Naturalmente, o governo do estado tem um protagonismo que não é por vaidade ou interesse pessoal, é pelo que o voto popular conferiu”, reiterou o político, que informou já ter realizado uma reunião com Paulo Pimenta.