Desde que façam uma avaliação pormenorizada e sigam certas medidas, vários desses esportistas poderiam seguir sua carreira, de acordo com uma pesquisa americana

 

Alexandre Raith, da Agência Einstein 

Um estudo da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, revisou dados dos últimos 20 anos de 672 atletas profissionais com diagnóstico de doença cardíaca genética e que foram autorizados a retornar à prática esportiva. Ao final, não houve qualquer caso de morte relacionada ao esporte. Os resultados foram publicados no periódico científico do Colégio Americano de Cardiologia.

Entre os participantes, 495 tinham a chamada síndrome do QT longo, que aumenta o risco de morte súbita. Verificou-se que 29 deles chegaram a sofrer um ou mais eventos cardíacos associados ao quadro, mas só 15 eram atletas na época — três tiveram uma ocorrência relacionada à prática esportiva.

Os outros 177 apresentavam outras doenças cardíacas genéticas. Neste grupo, houve registro de somente 14 eventos cardíacos, como desmaios, convulsões e arritmia.

“Depois de ver os efeitos desmoralizantes da inaptidão nos atletas, decidimos adotar um processo compartilhado e informado de tomada de decisão”, disse o cardiologista Michael Ackerman, coordenador do levantamento, em comunicado para a imprensa.

Segundo ele, esportistas profissionais com condições genéticas que afetam o coração devem passar por uma checagem minuciosa e realizar todos os tratamentos adequados. A partir daí, é necessário tomar uma decisão em conjunto com os médicos e os familiares a respeito do prosseguimento na carreira de atleta. Essa discussão deve ser baseada na avaliação de risco individual.

Entre os seus pacientes que são atletas, Ackerman afirma que de 15 a 20% acabam abandonando o esporte após esse processo. É o caso de indivíduos com um tipo específico de doença que se agrava com a prática esportiva, por exemplo.

E mesmo se o retorno ao esporte for permitido, é necessário rever o plano de treinamentos, as diretrizes de participação e o calendário de competições. Também é imprescindível adotar medidas de segurança, como sempre ter um desfibrilador nas proximidades e evitar medicamentos que influenciem na doença cardíaca. Manter-se hidratado e realizar consultas frequentes com o cardiologista é outra obrigação.

Para os pesquisadores envolvidos no estudo, atletas com doenças cardíacas genéticas são capazes de manter um bom desempenho ao longo da carreira. “Os resultados da tomada de decisão compartilhada têm sido incrivelmente satisfatórios. Esses atletas são capazes de atingir o mais alto nível olímpico”, concluiu Ackerman.

O levantamento, no entanto, foi conduzido em apenas um centro médico nos Estados Unidos. Como o próprio artigo reitera, a decisão de seguir a carreira de atleta profissional diante de uma enfermidade que afeta o coração deve ser individualizada, e tomada após um longo processo de avaliações.

(Fonte: Agência Einstein)

The post Estudo sugere que muitos atletas com doenças cardíacas genéticas não precisam abandonar o esporte profissional appeared first on Agência Einstein.