ROMA, 10 ABR (ANSA) – Um estudo publicado na revista Nature Genetics e liderado pela Universidade Sueca de Gotemburgo revelou que o momento do parto é resultado de uma espécie de “duelo genético” entre a mãe e o bebê.
De acordo com a pesquisa, regular a duração da gravidez e o momento do parto é um verdadeiro cabo de guerra entre os genes da mãe e os do feto, cujos interesses são conflitantes.
“O que vemos é que pode haver um conflito entre os genomas da mulher e do feto, respectivamente, quando se trata da duração da gravidez. Geneticamente, os genes da mulher favorecem o início precoce do trabalho de parto para expulsar a criança, para sua própria sobrevivência, enquanto as do nascituro favorecem a extensão da gravidez para ganhar peso. Assim, chegam a uma espécie de compromisso”, diz o texto.
Segundo o artigo, globalmente, os nascimentos prematuros, ou seja, aqueles que ocorrem antes da 37ª semana de gravidez, são a causa mais frequente de morte entre bebês e crianças até 5 anos de idade, e quanto mais cedo o nascimento, maior o risco.
Os pesquisadores liderados por Pol Solé Navais, da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, tentaram, portanto, investigar as causas genéticas por trás desses eventos em um estudo envolvendo mais de 279 mil indivíduos.
Os autores do estudo, que examinaram 136.833 casos, também tentaram entender se a duração da gestação é determinada pelos genes da mulher ou do feto, e os resultados sustentam a hipótese de uma luta genética entre mãe e filho.
“Os resultados nos deram mais caminhos para entender como o trabalho de parto é iniciado, tanto a termo quanto em trabalho de parto prematuro. Nas amostras, fomos capazes de identificar numerosas variantes genéticas previamente desconhecidas associadas ao momento do parto, e estas fornecem informações inigualáveis sobre os mecanismos biológicos subjacentes”, explicou Bo Jacobsson, professor de obstetrícia e ginecologia na Sahlgrenska Academy, Universidade de Gotemburgo.
As descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de medicamentos para prevenir partos prematuros e atenuar ou aumentar as contrações para induzir o parto. (ANSA).