ROMA, 11 SET (ANSA) – Não foi um “suicídio ecológico” devido à exploração massiva dos recursos naturais que levou ao colapso da comunidade que vivia na Ilha de Páscoa, também denominada Rapa Nui e um dos lugares mais remotos do mundo, a quase 2 mil quilômetros de distância da localidade habitada mais próxima.   

Alvo da fascinação humana devido à sua misteriosa cultura representada pelas enormes estátuas em formato de cabeça conhecidas como Moais, a ilha chegou a ter uma população de quase 15 mil pessoas, segundo a tese mais aceita até agora, número que teria se reduzido para cerca de 3 mil quando os europeus desembarcaram no local pela primeira vez, em 1722.   

Até então, uma das principais hipóteses para o declínio do povo rapanui era um “ecocídio” devido à exploração excessiva dos recursos da ilha. No entanto, um estudo internacional coordenado pelo geneticista José Víctor Moreno-Mayar, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca e publicado na capa da revista Nature aponta que a população local cresceu continuamente até a chegada dos invasores europeus, antes de entrar em declínio ao longo dos séculos 18 e 19 devido a surtos de varíola e a incursões de traficantes peruanos de escravos.   

O estudo analisou os genomas de 15 rapanuis que viveram na ilha entre 1670 e 1950 e, utilizando a ferramenta de estatística HapNe-LD, que permite entender a história demográfica de uma população com base nos genes, não encontrou sinais de um declínio tão dramático, como, por exemplo, uma queda repentina da variedade genética.   

Pelo contrário, a pesquisa indica que a população local cresceu de forma estável até a chegada dos europeus, o que contradiz a narrativa dos invasores de que os rapanuis restantes formavam uma comunidade miserável e que recorria ao canibalismo após a devastação dos recursos naturais da ilha.   

Além disso, o estudo revelou a presença de traços de DNA de nativos americanos nas amostras analisadas, indicando que os rapanuis – de origem polinésia – tiveram contato com indígenas da América antes da chegada dos europeus, provavelmente entre os séculos 14 e 15.   

No entanto, ainda é incerto como os rapanuis fizeram para chegar ao atual Chile, que fica a 3,7 mil quilômetros de distância, ou a outras partes da América. (ANSA).