Por Nicola Ferreira, da Agência Einstein

 

Após um infarto grave é comum que ocorram algumas complicações, uma delas e com a maior mortalidade é o choque cardiogênico. Caracterizada pela incapacidade do coração de bombear o sangue para os outros órgãos, essa condição mata mais da metade das pessoas internadas por ataque cardíaco. Mesmo com a alta mortalidade, uma pesquisa norte-americana notou que nem todos os pacientes recebem o mesmo atendimento: as mulheres muitas vezes têm sintomas subvalorizados e tratamento incorreto.

 

O estudo da Universidade de Emory, de Atlanta, contou com informações de mais de 90 mil pacientes com essa complicação. Todos tinham entre 18 e 55 anos. Desse número, 20% eram mulheres. A partir da análise dos dados, os pesquisadores notaram que as pacientes do sexo feminino recebiam menos intervenções que os homens.

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De acordo com o levantamento, 78,3% das mulheres com sintomas de infarto fazem angiografia – uso de imagem de raio-X para examinar os vasos sanguíneos. Esse número sobe para 81,4% em homens. A implantação de stents também tem uma discrepância entre os gêneros: 59,2% das mulheres têm stents implantados, enquanto o tratamento é oferecido a 64% dos homens. O estudo observou ainda a falta de investimento em tratamentos adequados para as mulheres representa uma economia média de 10 mil dólares por pessoa aos hospitais.

 

“A pesquisa analisa casos de mulheres jovens. Ainda é comum a suposição médica de que esse grupo não sofra com infartos por isso não recebe a atenção necessária. Muitas vezes as queixas de dor no peito de mulheres são associadas a outros motivos que não o infarto, como, por exemplo, questões emocionais”, explica Sofia Lagudis, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. As doenças cardiovasculares estão afetando cada vez mais mulheres e, atualmente, são a maior causa de mortalidade feminina no Brasil, ultrapassando cânceres como o de ovário, mama e útero.

 

“No caso do choque cardiogênico é importante um atendimento rápido para interromper a condição, contudo muitas dessas ações requerem alta tecnologia e nem sempre ela é oferecida que não é oferecida por todos os hospitais”, continua a médica.

 

Classes mais baixas e mulheres negras são as que mais sofrem

 

Por conta do preço do tratamento e da necessidade de tecnologias muitas vezes indisponíveis, a pesquisa observou que os grupos que mais sofrem com a falta de tratamento adequado são aqueles que estão em classes mais baixas e, principalmente, mulheres negras.

 


Utilizando dados da pesquisa, os pesquisadores notaram que as mulheres negras sofrem mais com comorbidades que facilitam o infarto, como diabetes e obesidade. “Esses são alguns pontos que o sistema de saúde precisa melhorar. Disponibilizando equipamentos de qualidade para todos e prevenindo a morte por conta do choque cardiogênico”, ressaltou Lagudis.

 

Além da mudança no sistema de saúde, a cardiologista do Einstein, aponta ser necessário adaptar alguns tratamentos para melhor atendimento das mulheres, já que elas sofrem com mais sangramentos, que podem ocorrer em uma operação tradicional.

 

(Fonte: Agência Einstein)

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