ROMA, 19 AGO (ANSA) – Um relatório divulgado nesta sexta-feira (19) pela ONG Legambiente apontou que a Itália teve pelo menos 132 eventos climáticos extremos entre janeiro e julho, número superior à média anual da década passada.   

Ainda segundo o levantamento da ONG italiana, o país europeu teve 1.318 eventos extremos de 2010 a julho de 2022, tendo provocado impactos significativos em 710 municípios.   

Uma das últimas cidades da Itália a ser duramente afetada pelo mau tempo foi Sestri Levante, na região da Ligúria, que foi tomada pela água na última quinta-feira (18) e sofreu danos de até dois milhões de euros. Na Emilia-Romagna, as fortes chuvas inundaram diversas ruas de Ferrara e Parma.   

“Fizemos uma vistoria para uma primeira verificação dos danos em escolas, parques e no sistema de iluminação, e concluímos que a estimativa é superior a um milhão de euros. Alguns comércios, cidadãos e turistas também foram atingidos e, com isso, o número pode duplicar”, declarou a prefeita de Sestri Levante, Valentina Ghio.   

Em Veneza, por exemplo, os homens do Corpo de Bombeiros estão usando drones para fazer verificações no campanário da Praça San Marco, já que a chuva provocou a queda de fragmentos de tijolos da estrutura. Na Toscana, as cidades de Arezzo e Capannori registraram chuva de granizo e fortes ventos, sem esquecer que duas pessoas morreram em função das tempestades em Lucca e Carrara.   

Nos últimos anos, de acordo com o levantamento da Legambiente, 516 inundações foram provocadas por chuvas intensas, sendo que pelo menos 22 patrimônios históricos da Itália acabaram danificados. O país ainda teve 55 deslizamentos de terra por tempestades e 367 danos por trombas d’água.   

“Precisamos de mudanças estruturais, políticas inovadoras, investimentos em tecnologias limpas e um plano nacional de adaptação ao clima que não possa mais ser adiado. Sem esquecer que o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNIEC) também deve ser atualizado para cumprir os novos objetivos de redução dos gases com efeito estufa, deve ser aplicado um corte radical nos prazos de autorização para novas centrais de energia renovável e deve ser previsto um procedimento simplificado para a renovação e modernização das existentes”, declarou Stefano Ciafani, presidente da Legambiente.   

A onda de mau tempo atinge a maior parte do centro-norte da Itália, que já vinha sofrendo com uma das piores secas das últimas décadas, com os níveis de rios e lagos alcançando os mínimos históricos.   

“Em termos de eventos climáticos extremos, o ano de 2022 é o código vermelho. Os candidatos a governar o país pelos próximos cinco anos devem explicar quais soluções querem implementar para enfrentar a crise climática, uma das principais emergências planetárias que corre o risco de colocar o joelho todo o mundo.   

A Itália novamente neste verão está pagando o preço da crise climática”, finalizou Ciafani. (ANSA).