Estudo analisa dados de 85 mil partos e comprova que vacina da Covid-19 não eleva risco de complicações para mãe e bebê

mulher grávida tomando vacina
Foto: Freepik

Por outro lado, coronavírus causou 44 mortes maternas por semana apenas no primeiro semestre de 2021.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

As vacinas contra Covid-19 não aumentam o risco de parto prematuro, morte fetal ou nascimento de bebês com baixo peso, comprova um estudo liderado por instituições do Canadá que avaliou dados de mais de 85 mil partos ao longo de 2021.

O resultado, publicado no “British Medical Journal” (BMJ), elimina qualquer dúvida sobre a segurança dos imunizantes para proteger contra os riscos da Covid-19 na gravidez – esses, sim, bem conhecidos (leia mais abaixo).

Entre as mães que realizaram os partos avaliados no ensaio, 43.099 tinham recebido pelo menos uma dose contra a Covid-19, a enorme maioria feitas a partir da tecnologia de mRNA (RNA mensageiro), modelo dos imunizantes da Moderna e da Pfizer.

“Existiram estudos nesse sentido, mas nada com essa dimensão”, diz o ginecologista e obstetra Mariano Tamura, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Isso demonstra que a vacina é completamente segura e que protege contra casos graves da doença e suas consequências para a mãe e o bebê”, enfatiza.

Segundo o especialista, outras pesquisas já haviam descartado o risco de aborto e de complicações no parto devido à imunização.

Por outro lado, sabe-se que a infecção pela Covid-19, ainda mais sem a proteção da vacina, pode levar a casos graves durante a gestação — aumenta a chance de internação, intubação, de necessidade de UTI e morte. Há, também, uma frequência maior de parto prematuro, restrição do crescimento fetal, casos de natimortos e hemorragia pós-parto. Pode haver transmissão da doença para o bebê, embora mais rara.

No Brasil, as grávidas recebem a vacina da Pfizer, mesma tecnologia mRNA, mas também é aplicada a Coronavac, que demonstrou bons índices de segurança em estudos com o grupo. Os ensaios com o imunizante produzido pelo Instituto Butantan não apontaram problemas na gestação ou no parto, independentemente do trimestre em que as pacientes foram imunizadas.

Segundo os autores do estudo do BMJ, embora alguns países tenham realizado campanhas para a população, a taxa de vacinação das gestantes é mais baixa do que a das mulheres em idade reprodutiva em geral.

Não à toa houve uma explosão da mortalidade materna por Covid-19 no Brasil — foram 462 mortes em 2020 e mais de 1.200 óbitos no primeiro semestre de 2021, uma taxa de 44 mortes maternas por semana, segundo dados da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo.

Além da Covid

É durante a gravidez que a mulher apresenta uma certa queda da imunidade, o que a deixa mais suscetível a doenças. Por isso, a vacinação contra a Covid-19 é importante durante a gestação.

O crescimento da barriga afeta a capacidade respiratória, pois o diafragma tem menos espaço para se expandir e há um inchaço natural nas vias respiratórias. Alterações na coagulação do sangue para evitar hemorragias no pós-parto também aumentam o risco de trombose.

Além da Covid-19, há uma série de vacinas que as futuras mães podem e devem tomar. Seguir sempre a orientação do médico é a melhor forma de afastar a chance de complicações para a gestante e para o bebê.

Fonte: Agência Einstein

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