Milhares de estudantes saíram às ruas nesta sexta-feira (15), em cidades da Ásia, África e Austrália, e iniciaram os protestos na Europa, com o objetivo de obrigar os governantes mundiais a adotarem medidas de combate às mudanças climáticas.

Os jovens saíram de suas escolas e ocuparam as ruas em cidades como Wellington, Sydney, Bangcoc, Hong Kong, Kampala e Roma, no âmbito de uma greve estudantil internacional que deve atingir outras cidades durante o dia, de Boston a Bogotá, passando por Daca, Durban, Lagos e Londres.

Transformada em símbolo do movimento, a adolescente sueca Greta Thunberg se posicionou, como faz todas as sexta-feiras, diante do Parlamento de Estocolmo, desta vez cercada por 30 manifestantes.

“Não sou a origem do movimento. Já existia. Precisava apenas de uma faísca para acender”, disse Thunberg, enquanto um manifestante agitava um cartaz com um jogo de palavras em referência à ativista: “Make the planet Greta again”.

“Vivemos uma crise existencial ignorada durante décadas. Se não agirmos agora, será muito tarde”, disse Thunberg, de 16 anos.

Na França, onde estão previstas diversas manifestações, um grupo bloqueou a entrada da sede do banco Société Générale no bairro de negócios de Paris, com o objetivo de denunciar o financiamento nocivo da instituição para o clima.

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Muitos jovens não compareceram às aulas em diversas escolas de Uganda, país que “sofre deslizamentos de terra, inundações, onde as pessoas morrem em consequência da mudança climática”, denunciou à AFP Leah Namugera, 14 anos, durante um protesto em uma estrada entre Kampala e Entebbe.

Na Nova Zelândia, as escolas advertiram que marcariam a falta dos estudantes.

Na Austrália, o ministro da Educação, Dan Tehan, também questionou os protestos.

“Que os estudantes abandonem as escolas durante o horário de aula para protestar não é algo que deveríamos estimular”, disse.

Mas os ativistas receberam o apoio da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que destacou a importância para as jovens gerações de enviar uma mensagem.

Josei Mason, uma estudante de 20 anos da Universidade de Wellington, afirmou que está “emocionada porque os jovens estão sendo ouvidos e estão se posicionando neste momento”.

“Chamam a nossa geração de ‘slacktivist’ (ativistas de sofá) porque é muito fácil dizer que você vai a um evento em uma página do Facebook, ou que gosta de algo, mas depois realmente não faz nada”.

– Aquecimento persiste-

Apesar dos 30 anos de advertências sobre as graves consequências doa aquecimento global, as emissões de dióxido de carbono atingiram níveis recorde nos últimos dois anos.

Os cientistas afirmam que seguir despejando gases que provocam o efeito estufa na atmosfera ao ritmo atual pode resultar em um planeta impossível de viver.


“Sobre a mudança climática, temos que reconhecer que falhamos”, disse Thunberg no Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro último.

O Acordo de Paris sobre o clima anunciado em 2015 exige limitar o aumento da temperatura no planeta abaixo de 2ºC, se possível 1,5ºC.

Atualmente, porém, o aquecimento do planeta segue a caminho do dobro deste índice.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU advertiu em outubro passado que apenas uma completa transformação da economia global e dos hábitos de consumo poderia impedir uma catástrofe climática.


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