Coluna: Mozart Neves

Diretor de Articulação e Inovação do <a href="https://www.institutoayrtonsenna.org.br/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Instituto Ayrton Senna</a>. Foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), secretário de Educação de Pernambuco (2003-2006) e presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). Foi presidente executivo do Todos Pela Educação (2007-2010)

Estudantes paulistanos se preparam para o século XXI

Estudantes paulistanos se preparam para o século XXI

Não é usual no Brasil quando o setor público da educação, o terceiro setor e a universidade se juntam para desenvolver soluções para a educação básica. E principalmente quando o tema da educação é de fronteira, pois nesses casos dogmas e culturas tradicionais precisam ser rompidas. Isso nem sempre é fácil. As visões, algumas vezes, são conflitantes, o que exige uma maior capacidade ao diálogo e ao exercício da humildade, em prol do benefício comum.

Pensando no futuro das crianças paulistanas, na perspectiva de prepará-las para os desafios do século em curso, que requer pessoas mais flexíveis, abertas ao novo, criativas, comunicativas, resilientes, entre outras competências, foi que a Secretária Municipal de Educação de São Paulo, o Instituto Ayrton Senna e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) se juntaram para desenvolver um programa inovador no campo da educação integral para os anos finais do ensino fundamental, tendo como foco o currículo e a formação de professores.

A parceria tem como objetivo desenvolver uma proposta de escola cujo currículo integrará o conteúdo das áreas de conhecimento (Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza) com o desenvolvimento de competências para o século XXI. O esforço será de aterrissar no chão de escola aquilo que preconiza a própria proposta de currículo da cidade de São Paulo – construído com a participação maciça da rede escolar. O projeto será construído e desenvolvido ao longo de 2018 com educadores e estudantes de cerca de 50 escolas. Para subsidiar essa implementação, equipes de professores, gestores regionais e escolares passarão por ações de construção coletiva e formação ao longo desse próximo ano.

Concomitantemente a esse esforço, a parceria será também dirigida para formar os futuros professores para essa educação do século XXI, capaz de desenvolver os estudantes em todas as suas dimensões, na perspectiva, portanto, de uma educação integral. Nesse contexto, os professores serão formados para ter oportunidades de desenvolver novas competências profissionais e conhecer as ferramentas necessárias para a prática da educação integral na sala de aula.

Em caráter piloto, a partir de 2018, o projeto envolverá um curso de extensão que terá a duração de 100 horas e será ofertado na modalidade de educação à distância para alunos do curso de licenciatura em Pedagogia, ofertado pela Unesp, e de outras licenciaturas que também utilizam os polos da UniCEU (Universidade nos Centros Educacionais Unificados), sendo, portanto, extensivo a qualquer outra instituição de ensino e não limitante a alunos da Unesp.

Esse é um esforço que se coaduna com o que preconiza o artigo 205 da Constituição Federal, que a oferta educacional é dever do estado e da família, em colaboração com a sociedade, para que todos os estudantes possam se desenvolver plenamente. Isto significa desenvolver as pessoas em todas as suas dimensões, não apenas para serem, no futuro, bons profissionais, mas cidadãos éticos e comprometidos com a sustentabilidade do planeta.