Nesta sexta-feira (18), cerca de 15 mil escolas em todo o país estão inscritas para participar das provas da 21ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). O evento, que reúne estudantes do ensino fundamental e médio, é considerado a maior olimpíada científica do Brasil.

O astrônomo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), João Canalle, que é coordenador da OBA, disse que a expectativa é que a edição de 2018 alcance em torno de 800 mil participantes.

“Nos dois últimos anos, o número de participantes caiu um pouquinho, devido às limitações financeiras que prejudicaram a divulgação da OBA. Mas vamos voltar aos 800 mil em 2018”, disse Canalle.

A olimpíada é dividida em quatro níveis, sendo os três primeiros voltados para o ensino fundamental e o quarto para o ensino médio. As medalhas são distribuídas de acordo com a pontuação obtida por cada segmento.

As provas são feitas nas próprias escolas onde os alunos estudam. Segundo Canalle, isso dá aos professores a oportunidade de aprende com o processo. “Eles fazem parte do processo, vão aprender o que o aluno errou ou acertou, para que possam melhorar suas aulas no ano que vem. As estatísticas mostram que as escolas que participam por vários anos seguidos vão tendo desempenhos cada vez melhores, porque o professor vai ficando cada vez mais preparado”, afirmou.

Os melhores classificados na OBA representarão o Brasil em olimpíadas internacionais de astronomia em 2019. Eles concorrem também a vagas na Jornada Espacial, que acontece em São José dos Campos (SP), em que assistem a palestras de especialistas na área.

Em 21 edições, a OBA reuniu mais de 8 milhões de estudantes, distribuindo anualmente cerca de 40 mil medalhas. Uma comissão composta por membros da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) participa da coordenação nacional.

Experiência

equipe brasileira astronomia

Equipe brasileira na Olimpíada Internacional de Astronomia – Divulgação/OBA

Quem participou de edições anteriores acredita que o evento é uma oportunidade de crescimento. Cursando o primeiro ano de engenharia da computação no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Ana Paula Lopes Schuch foi medalhista de ouro da Olimpíada Latino Americana de Astronomia e Astronáutica em 2015, no Rio de Janeiro. Aos estudantes que farão as provas, Ana Paula recomenda que “devem dar o melhor de si, porque a olimpíada abre muitas oportunidades depois”.

Ana Luisa da Costa Vieira, medalha de ouro na OBA 2016 e campeã da Mostra Brasileira de Foguetes no mesmo ano, está no segundo ano de graduação em física na Universidade de Campinas (Unicamp). Ela pensa em trabalhar com pesquisa e radioterapia em hospitais. Não abandonou, porém, o sonho de ser astronauta. “Quando você vai para a física médica, não precisa abandonar o sonho. Porque se eu trabalhar com biofísica, é bem ampla essa parte da astrobiologia”, disse. Atualmente, ela é coordenadora de aerodinâmica da equipe de foguetes da Unicamp.

Já Miriam Harumi Koga, 19 anos, de Guarulhos (SP), foi medalhista da olimpíada em 2016 e destaque na edição de 2017 da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica, onde conquistou a medalha de ouro. Foi aprovada para duas universidades nos Estados Unidos e comanda um projeto de apoio à participação feminina na ciência.