Estudantes chilenos protestaram nesta quinta-feira em Santiago para exigir ao governo uma reforma educacional “transformadora”, ao invés do projeto de lei que a presidente Michelle Bachelet pretende enviar ao Congresso para garantir a educação superior.

O protesto convocado por associações estudantis, reuniram milhares de secundaristas e universitários no centro de Santiago, levantando cartazes para demandar uma reforma educacional que garantisse a gratuidade universal.

“Vamos seguir nos manifestando até que a reforma seja efetivamente transformadora”, afirmou a meios de comunicação locais Camila Rojas, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech).

O protesto percorreu as ruas de Santiago durante 90 minutos para terminar com confrontos entre encapuzados e a polícia.

Os agentes dispersaram os encapuzados com caminhões lançando água e gás lacrimogênio que deixaram uma nuvem tóxica, misturando-se com a contaminação que mantém Santiago sob situação de pré-emergência ambiental pelo sexto dia consecutivo.

Ao menos seis manifestantes foram detidos, informou a polícia em sua conta no Twitter.

As manifestações estudantis ganharam força desde o ano 2011 para demandar uma educação gratuita e de qualidade, mas em sua maioria terminaram em confusão, gerando o repúdio por grande parte da população, especialmente de comerciantes quem tiveram seu negócios atacados por encapuzados no centro de Santiago.

“Quem está convocando esse protesto também é responsável por garantir que a comunidade de Santiago não tenha que enfrentar mais uma vez estragos, destruições em suas propriedades”, manifestou a presidente Michelle Bachelet.

Os protestos de estudantes se repetiram nas cidades de Valparaíso e Concepción, onde também foram registrados incidentes.

Gratuidade sem lucro

A gratuidade universitária é um dos pontos da reforma educacional que é levada adiante pela presidente Michelle Bachelet, mas para os estudantes a reforma que se pretende enviar ao Congresso não cumpre com o prometido pela mandatária.

“Esta reforma não pode ingressar (no Congresso) nas atuais condições em que se encontra. Não termina com o lucro na educação universitária”, afirmou Gabriel Iturra, dirigente dos estudantes secundários.

Bachelet prometeu em sua campanha a gratuidade para 100% dos universitários em 2020 e cerca de 70% de cobertura até o final de seu mandato em 2018, mas um desempenho mais baixo da economia levou seu governo a rebaixar a meta inicial e redefini-la para 60% dos estudantes mais vulneráveis.

Este ano, no arranque da primeira parte da reforma não incluída na lei geral que ainda não entrou no Congresso, aproximadamente 145.000 estudantes começaram a estudar de graça no Chile pela primeira vez em 35 anos. Também entrou em vigor uma lei que proíbe de forma gradual a obtenção de lucro e a seleção de estudantes nas escolas que recebem apoio do Estado.

A reforma busca substituir um sistema educacional herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), considerado um dos mais segregadores do mundo.

msa/pa/ja/cb/mvv