Estudantes de medicina são criticadas por ironizar paciente; relembre casos similares

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O vídeo postado pelas estudantes Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano foi apagado das redes sociais Foto: Reprodução/SBT News

Durante a última semana, as estudantes de medicina Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano repercutiram negativamente nas redes sociais após publicarem um vídeo zombando de uma paciente que havia passado por três transplantes de coração.

Na filmagem veiculada no TikTok, as alunas contam – ainda que sem citar nomes – o caso de Vitória Chaves da Silva, uma mulher de 26 anos que nasceu com cardiopatia congênita e precisou enfrentar três cirurgias de transplante no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Ela faleceu nove dias depois da postagem, em função de um choque séptico e insuficiência renal crônica.

Analisando a história de Vitória, as duas estudantes comentam que a mulher “deve estar pensando que tem sete vidas”, já que os requisitos necessários para realizar o procedimento são muitos complexos.

“Essa menina está achando que tem sete vidas. Não sei. Já é tão raro, difícil a questão de compatibilidade, doação, ‘n’ fatores […]”, diz uma delas.

As amigas também declaram que o segundo órgão recebido por Vitória teria sido rejeitado por “erro dela”, que não tomou os medicamentos necessários. Mas, segundo dizem os familiares da paciente, o insucesso teria sido motivado pela “doença do enxerto”, enfermidade comum em casos de transplantes.

Assim que soube do vídeo, a família de Vitória acionou a Polícia Civil e o Ministério Público (MP) contra as estudantes.

O caso de Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano somam mais uma polêmica envolvendo alunos de cursos de medicina. Nos últimos tempos, ocorrências de grande repercussão acompanharam a comunidade médica, acumulando controvérsias no meio acadêmico.

Relembre outros episódios similares:

Desvio de verba

Em janeiro de 2023, a estudante de medicina da USP (Universidade de São Paulo) Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, foi condenada na Justiça pelo desvio de quase 1 milhão de reais arrecadados para a formatura do seu curso.

Diversos colegas de turma haviam colaborado para arrecadar o dinheiro e Alicia, que era presidente da comissão de formandos, pediu à empresa organizadora da festa que os pagamentos fossem transferidos para sua própria conta bancária – sem que os outros alunos soubessem.

Como resultado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) entendeu a ocorrência como crime de estelionato e condenou a acusada a cinco anos de reclusão em regime semiaberto. Além disso, a decisão também ordenou o pagamento de indenização às vítimas no mesmo valor do prejuízo causado.

Já em 2025, Alicia chegou a conseguir o registro de médica e segue ativa no Conselho Federal de Medicina (CFM).

Atentado ao pudor

Diversos alunos do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) foram expulsos após um caso coletivo de atentado ao pudor, em 2023.

Na ocasião, a Unisa participava de um campeonato esportivo contra a Universidade São Camillo. Durante um jogo de vôlei feminino, os estudantes de medicina ficaram pelados e simularam movimentos de masturbação como forma de “provocação”.

Cerca de 15 alunos foram envolvidos na polêmica, que chegou à Justiça de São Paulo. A defesa da maioria dos expulsos entrou com contestações para reverter a decisão.

Apologia ao estupro

Já em 2025, estudantes de medicina da Faculdade Santa Marcelina causaram revolta ao exibir uma faixa com alusão ao estupro durante uma competição esportiva entre universidades.

Na imagem que repercutiu nas redes sociais, integrantes da Associação Atlética Acadêmica Pedro Vital aparecem segurando uma faixa com a frase “Entra porr*, escorre sangue”, escrita à mão. A passagem faz parte de um hino da associação, que já havia sido proibido em 2017 após denúncias de grupos feministas.

Em relação ao caso, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) protocolou uma Notícia de Fato (NF) contra a Atlética junto ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo). Trata-se de uma ferramenta de recebimento de denúncias, sendo um ponto de partido para procedimentos apuratórios.