O estudante Carlos Paulo Falcão, de 21 anos, diz ter sido abordado com gritos em uma unidade das Lojas Americanas de São Gonçalo, Rio de Janeiro, na quarta-feira (8), por estar vestindo capuz e máscara de proteção por causa da pandemia de coronavírus. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Carlos, que faz Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tentou registrar o caso como injúria racial, mas a denúncia foi cancelada pela delegacia.

De acordo com o estudante, ele foi até a loja para fazer compras usando moletom com capuz, uma durag (bandana) e uma máscara para se proteger contra o contágio da Covid-19. Na entrada, ele foi abordado por um vigilante que afirmou ser proibido o uso de capuz no estabelecimento.

Carlos questionou o segurança sobre qual lei proibia a utilização da peça. Segundo ele, outro segurança entrou no local e gritou para que tirasse o capuz. “Eu acho que essa abordagem seria diferente se eu fosse um cliente branco”, afirmou o estudante à Folha.

A lei estadual nº 6.717, de 2014, diz que a utilização de qualquer tipo de cobertura que oculte a face é proibida em estabelecimentos comerciais. Segundo o texto, bonés, capuzes e gorros não se enquadram na proibição, desde que não escondam o rosto. No entanto, a Lojas Americanas afirma que a conduta foi baseada nessa mesma lei.

“A gerência da loja informou que o rapaz estava com máscara protetora do coronavírus e um casaco com capuz, ou seja, com o rosto e a cabeça coberta. O segurança da loja solicitou, na entrada da loja, que ele retirasse o capuz com base na lei 6.717/14, ele se recusou e entrou na loja. O segurança do shopping onde está localizada a loja 5228, em Alcântara, RJ, entrou na unidade e pediu, novamente, que ele retirasse o capuz ou saísse da loja. A companhia não pratica e coíbe qualquer tipo de discriminação contra etnias dentro de suas lojas”, diz a nota.

Após o ocorrido, o jovem fez um boletim de ocorrência. No entanto, horas depois, recebeu um e-mail do 72º Departamento de Polícia informando que o registro havia sido cancelado, com a justificativa de que “não é fato policial”.

À Folha, a Polícia Civil do Rio informou que aguardava informações da unidade para esclarecer o motivo do cancelamento da ocorrência.

https://twitter.com/paulobrabissimo/status/1247981077588738050