O grupo de pesquisadores da ação global #EquipeHalo (em inglês#TeamHalo), criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), vai receber mais um brasileiro. Dessa vez, o convite foi feito para o estudante da Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Wasin Syed. Nesta semana, a cientista Jaqueline Goes de Jesus, que sequenciou os primeiros genomas do novo coronavírus na América Latina, já tinha começado a integrar a ação das Nações Unidas. Halo significa auréola em português e representa o anel da ciência que circunda o globo.

Wasin Syed é coordenador do Grupo União Pró-Vacina, que combate fake news denunciando vídeos contra vacinas e produz material educativo sobre a imunização. “Agora fazendo parte de um grupo da ONU, a gente está junto a outros pesquisadores e outras pessoas que têm o mesmo objetivo de melhorar a imagem da vacina no mundo. A vacina é uma questão de saúde pública muito importante. Menos pessoas se vacinando, mais chance de doenças proliferarem e doenças que não tínhamos há anos, voltarem como o sarampo”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

O estudante contou que o Grupo União Pró-Vacina foi criado em 2019 na USP, quando não tinha surgido o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Segundo Wasin Syed, a preocupação era a queda na cobertura vacinal que vinha ocorrendo no Brasil, porque parte da população não procurava a imunização. “Caiu bastante a cobertura vacinal e a gente resolveu criar o Grupo, não exatamente para combater a fake news, mas de atuar como poder público, prefeituras, secretarias de saúde, produzindo material para ajudar as pessoas a voltarem a ter confiança em vacinas. Agora com a Covid, os grupos anti-vacina cresceram bastante com produção de conteúdo contra vacina”, revelou.

Instituições

Além da USP, a campanha que envolve profissionais de vários países, inclui instituições respeitadas como Harvard, Imperial College London e Wits University. O desafio é atualizar e aproximar o público dos trabalhos dos pesquisadores em perfis nas redes sociais. Os integrantes fazem vídeos no TikTok e no Instagram para explicar seu trabalho na busca pelas vacinas contra a Covid-19.

Para a pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus, é importante desenvolver uma comunicação mais acessível e didática com o público. “Participar da #EquipeHalo está sendo a concretização de um projeto que eu sempre pensei em desenvolver quando fiquei conhecida como uma grande cientista no Brasil. A sociedade é o objeto de estudo das Ciências e é para ela que o produto desses estudos deve ser direcionado”, disse,

A cientista acrescentou que levar informações para a população, em uma linguagem mais simples, sobre o que está sendo feito, é uma forma de devolver à sociedade todo o investimento que tem sido feito ao longo dos anos. Jaqueline disse ainda que está gostando muito de ter criado um perfil no TikTok para começar a produzir conteúdos para o projeto.

A iniciativa mostra o cotidiano dos cientistas, chamados de guias, que trabalham com pesquisas sobre a COVID-19. Eles contam suas histórias, voluntariamente, e postam vídeos que destacam a seriedade e o empenho de todos para enfrentar a pandemia. Os guias podem ainda responder perguntas do público e esclarecer sobre boatos e informações incorretas.

Além da cientista, o Brasil já conta com mais três guias. Natalia Pasternak, que é pesquisadora visitante do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas (LDV), e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência. Outro guia é Gustavo de Miranda, que lidera a pesquisa de desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus, como também para vacinas para chikungunya e zika vírus, no Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Mais um guia é Rômulo Neris. O foco da pesquisa de doutorado dele na Universidade Federal do Rio de Janeiro é a forma como o sistema imune reage ao novo coronavírus.

Na visão da sub-secretária-geral de Comunicação Global da ONU, Melissa Fleming, a desinformação interferiu na confiança do público nas vacinas e a intenção é que a #EquipeHalo mude este cenário. “São pessoas incríveis fazendo a ciência ser parte de uma colaboração global. Devemos comemorar o fato destes profissionais nos ajudarem a colocar um fim nesta terrível pandemia”, disse.