Desacreditado pela falta de resultados recentes, o atletismo brasileiro ganhou um respiro nos dois primeiros dias do Troféu Brasil. Em ambos, os destaques foram atletas jovens que obtiveram índice para a Olimpíada. Na quinta, brilhou Vitor Hugo dos Santos, 20 anos, que fez índice nos 100 metros e impediu que o Brasil ficasse fora da prova em uma Olimpíada pela primeira vez em 50 anos. Nesta sexta, a estrela foi Higor dos Santos, 22 anos, que se garantiu no Rio-2016 no salto em distância.

“Acredito que uma nova geração está se levantando para mudar os olhos sobre o atletismo, montar uma bancada diferente de treinadores, aprimorados, para que a gente possa conseguir coisas melhores. Não é só Jamaica, Japão, Estados Unidos. O Brasil também tem potencial. A gente está conseguindo mostrar esse potencial”, diz Higor.

Ele e Vitor Hugo são os expoentes de uma nova geração que bate à porta. Vitor Hugo foi prata nos 200m e finalistas nos 100m no Mundial Juvenil de 2013. Em dois anos, passou de 10s41 para os 10s11 feitos na semifinal do Troféu Brasil, quinta. Já Higor foi o melhor júnior do mundo em 2013 e agora confirma o potencial se classificando à Olimpíada.

Isso apesar da falta de apoio. Ele era atleta da BM&F Bovespa até 2014, quando foi dispensado e assinou com o Grêmio Barueri. Mas a prefeitura da cidade da Grande São Paulo cortou quase todo o forte investimento que fazia no esporte e Higor viu-se desamparado.

“Eu pago para treinar, para competir, pago para estar aqui”, diz o saltador, que recebe salário da Força Aérea do Brasil, apenas. “É minha única fonte. Quando falta dinheiro, meu treinador (Rogério Pereira do Carmo) me ajuda.”

Num momento de renovação, o revezamento 4x400m terá as surpreendentes Tabata Vitorino de Carvalho e Leticia Cherpe de Souza, ambas de 20 anos, terceira e quarta colocadas no Troféu Brasil, respectivamente. O 4x100m, além de Vitor Hugo, também vai ter Ricardo Mario de Souza e Rodrigo Pereira do Nascimento, ambos de 21 anos.