As estrelas massivas podem fazer “evaporar” a quantidade de matéria necessária para formar planetas gigantes, como Júpiter, segundo a primeira observação do fenômeno descrito em um estudo da revista Science.

Uma equipe internacional de astrônomos liderada por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, sigla em francês) observou o sistema planetário em formação d203-506 para confirmar o que os modelos teóricos previam.

Esse pequeno sistema, localizado na nebulosa de Órion, possui, na teoria, o necessário para produzir pelo menos um corpo gigante gasoso como Júpiter ou Saturno, ou seja, um planeta formado principalmente por hidrogênio e hélio.

A estrela d203-506 é rodeada por um disco protoplanetário, uma nuvem de gás que supostamente serve como matéria-prima para a formação de planetas gasosos. No entanto, esse pequeno sistema está exposto a uma poderosa radiação ultravioleta procedente de outras estrelas massivas próximas, no cúmulo do Trapézio.

Esses astros possuem uma massa dez vezes maior que a do Sol e são 100 mil vezes mais brilhantes, segundo um comunicado do CNRS. Sua radiação aquece a nuvem de gases em um fenômeno conhecido como fotoevaporação. Isso leva moléculas de hidrogênio a temperaturas em que começam a circular com velocidade suficiente para escapar à atração da estrela e dissipar-se no espaço interestelar.

O resultado da radiação “é suficiente para retirar os gases do disco protoplanetário em menos de 1 milhão de anos”, segundo o estudo publicado nesta quinta-feira (29), o que é “suficientemente rápido para afetar a formação do planeta gigante no disco”, conclui a pesquisa.

A observação desse fenômeno foi possível por meio da combinação de dados do telescópio espacial James Webb e do telescópio Alma, localizado no Chile.

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