As atrizes Regina Duarte, de 75 anos, e Cássia Kis, de 65, que por meio das redes sociais, entrevistas ou qualquer declaração pública se arriscaram para sair em defesa do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL), estão sendo bastante ‘canceladas’ por atitudes como espalhar fake news, falas preconceituosas e participar de manifestações antidemocráticas.

Regina Duarte e Cássia Kis colocam carreira e credibilidade em jogo por Bolsonaro

Tanto Regina quanto Cássia estão sendo detonadas por internautas e por amigos de profissão pelas suas atitudes. Após deixar o cargo de secretária especial de Cultura do governo Bolsonaro, Duarte estaria tentando voltar a atuar, mas com as declarações polêmicas que deu, pode ter dificuldades para retomar a carreira na televisão.

Mesmo tendo seu contato renovado com a Globo até 2025, segundo informações do site Observatório da TV, Cássia Kis não é mais bem vista e querida pelos atores como antigamente. A artista, que atualmente está no ar na novela das nove “Travessia”, quase deixou a trama após pedidos de colegas de folhetim, que alegaram que ela é bastante inconveniente ao tentar convencê-los de suas ideologias políticas.

IstoÉ Gente conversou com Luciéllio Guimarães, estrategista de imagem pública, que fez uma análise sobre as atitudes das veteranas em meio a tantas polêmicas envolvendo seus nomes. Confira!

“A raça humana vive em grupos e o cancelamento é um sinal de alerta para chamar a atenção de indivíduos que vão contra as regras da boa convivência dentro dos grupos sociais. Então, quando vemos casos como o dessas atrizes que pregam ideologias que não condizem com as expectativas e os desejos da maioria, logo elas são canceladas. Isso não quer dizer que elas não tenham o direito de exercerem o direito da livre expressão”, começa Luciéllio Guimarães.

“O que está em xeque nesses discursos é o raciocínio retrógrado de figuras públicas que não condizem com a modernidade e com as conquistas de anos de um grupo. E são combatidas, inicialmente, por meio do cancelamento, por um argumento evocado pelo filósofo Karl Popper em seu paradoxo da tolerância: “Devemos nos reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante”. Ou seja, atitudes que ameaçam a sociedade tolerante”.

“O comportamento dos brasileiros, em pleno 2023, em relação a essas personalidades – que deveriam ser representantes das pessoas (por serem projeções aspiracionais delas) – não é muito diferente do que acontecia na pré-história: quando os nossos ancestrais sentiam medo de serem atacados por tribos rivais, a tribo se unia para se defender. O pensador francês Cornelius Castoriadis dizia que a identificação entre os membros de um grupo social confere uma sensação de completude e onipotência e o indivíduo estaria disposto a fazer qualquer coisa para defender e atacar qualquer ameaça ao significado que une o grupo”.

“Tanto Regina Duarte quanto Cássia Kiss representam ameaças e, portanto, o cancelamento é o mínimo que pode acontecer a elas enquanto não há uma atitude mais rigorosa da lei. O problema não é se manifestar politicamente. O problema está em destruir conquistas de uma sociedade”, finaliza o estrategista de imagem.