Gravada no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, a série “Estranho Jeito de Amar”, que já soma mais de 10 milhões de visualizações no YouTube, é uma produção independente que está conquistando o público na internet com a temática gay e que aborda sobre relações tóxicas e dependência emocional. Além de oferecer entretenimento, a trama tem se posicionado como um verdadeiro espaço de acolhimento e identificação para o público.
Criada e estrelada por Rodrigo Tardelli, a série acompanha a história de Gael (Tardelli), um homem carismático e controlador, e Noah (Allan Ralph), um modelo paulista que viaja ao Rio de Janeiro para um trabalho e acaba se envolvendo com Gael após uma pool party. A relação, que começa com intensidade e promessas de um futuro brilhante, rapidamente mergulha em um ciclo de dependência emocional, manipulação e possessividade.
Na segunda temporada, a trama ganha novos contornos: Noah decide romper com Gael e tenta reconstruir sua vida longe do relacionamento abusivo. No entanto, Gael se recusa a aceitar o fim da relação e passa a usar todos os artifícios possíveis para tentar reconquistá-lo — o que resulta em conflitos ainda mais profundos e reviravoltas inesperadas.
Produzida de forma 100% independente no Rio de Janeiro, a série é um exemplo claro dos desafios enfrentados por artistas brasileiros que escolhem o caminho da produção fora do circuito tradicional. Sem editais, patrocínios ou apoio governamental, a equipe contou apenas com a força de vontade, colaboração entre amigos e uma profunda paixão pela arte.
“Produzir ‘Estranho Jeito de Amar’ de forma totalmente independente foi, acima de tudo, um ato de coragem, resistência e amor profundo pela arte. É desafiador criar uma série com zero patrocínio, sem editais, sem grandes estruturas. A gente literalmente construiu tudo com as próprias mãos — da pré-produção ao corte final. Cada cena foi gravada com suor, verdade e entrega visceral de um time que acredita no poder dessa história”, revela Tardelli.
Fazer arte independente no Brasil é, muitas vezes, um ato de sobrevivência. Em meio à escassez de incentivos e à constante desvalorização da cultura, projetos como este provam que é possível resistir, emocionar e ser como um porta voz e fonte de informação de identificação — com poucos recursos e muita entrega.
“É provar que quando há paixão, propósito e coragem, a arte encontra seu caminho. E ver milhões de pessoas tocadas, transformadas e até curadas por algo que nasceu da garra e da vontade de mudar vidas, é o maior reconhecimento que a gente poderia ter”, afirma Rodrigo.
Diferente de séries pensadas para grandes plataformas de streaming, a série carioca foi criada diretamente para a internet, com o YouTube como sua principal janela de exibição. Essa escolha foi estratégica: além de permitir acesso gratuito ao público, fortalece a ideia de democratizar o audiovisual e criar um vínculo direto com a audiência, sem intermediários.
Mais do que uma produção independente, Estranho Jeito de Amar é um projeto político, social e afetivo.
“A gente fala sobre relações abusivas, dependência emocional, saúde mental e a vivência LGBT+ com responsabilidade e profundidade, mesmo sem o apoio das grandes plataformas. E isso torna tudo ainda mais potente”, completa o artista.
Com quatro episódios, a segunda temporada adota uma narrativa linear, diferente da estrutura fragmentada da fase inicial, aprofundando ainda mais as camadas emocionais dos personagens e convidando o público à reflexão.