São Paulo, 14 – A decisão de produtores rurais de adiar a comercialização de soja e milho e, consequentemente, as compras de fertilizantes para a safra 2017/18, levaram a um aumento dos estoques de adubos no mercado nacional que pressionou as margens de lucro da Fertilizantes Heringer, disse o diretor-presidente da empresa, Dalton Carlos Heringer, durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2017 e de todo o ano passado.

“Em alguns meses, os estoques do setor ficaram bastante superiores aos de anos anteriores (em igual período), o que reduziu as margens de lucro ante outros anos”, afirmou o executivo. No quarto trimestre, a margem bruta de lucro da Fertilizantes Heringer foi de 11,2%, abaixo dos 18% apurados em igual intervalo de 2016. O lucro bruto caiu 32,4%, para R$ 167,2 milhões.

Heringer lembrou que no ano passado, pouco antes da colheita de verão da safra 2016/17, os preços de soja e milho recuaram no mercado interno e agricultores adiaram a negociação dessas commodities. Com isso, postergaram também a aquisição de fertilizantes para a temporada 2017/18. “Compras de fertilizantes, que em anos anteriores se deram de forma muito antecipada, em 2017 foram atrasadas”, comentou o executivo.

A situação foi agravada pelo aumento das importações de alguns tipos de fertilizantes, como ureia, super fosfato simples (SSP) e nitrato de amônia, por empresas do setor, em virtude de problemas operacionais de produção ao longo do ano. Enquanto a produção nacional foi 9,5% menor em 2017, as importações cresceram 7,5% no ano, superando o recorde do ano anterior e reforçando a situação de estoques amplos de produtos. “Apesar de no fim do ano os estoques terem ficado em linha com os de anos anteriores, no decorrer do ano as compras antecipadas de soja e milho não ocorreram na mesma dinâmica de anos anteriores e os estoques ficaram em níveis muito elevados no meio de 2017”, ressaltou Heringer.

A grande oferta de fertilizantes também puxou para baixo o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Fertilizantes Heringer, considerado por seus executivos como “bastante atípico”. No quarto trimestre de 2017, o indicador caiu 48,4%, para R$ 71,2 milhões. No ano de 2017, o recuo foi de 63,2%, para R$ 91,9 milhões. O resultado acabou afetando negativamente, também, a relação dívida líquida/Ebitda, que saiu de 3,9 para 12,6 vezes. “Não houve grande aumento do endividamento da companhia, mas basicamente pelo Ebitda atipicamente baixo do ano de 2017”, observou o diretor de Relações com Investidores, Rodrigo Bortolini Rezende.

As entregas de fertilizantes da companhia aumentaram 6,8% no quarto trimestre de 2017, para 1,249 milhões de toneladas, puxadas especialmente pelas compras para as culturas da soja e da cana-de-açúcar, que cresceram 56,6% e 25,5% respectivamente. O incremento foi superior ao do setor como um todo, cujas entregas subiram somente 0,4% no período. No acumulado do ano, contudo, o quadro foi inverso. A Fertilizantes Heringer entregou 4,224 milhões de t, 1,9% abaixo do registrado em 2016, enquanto no mercado de fertilizantes brasileiro o volume foi 1% maior que o computado no ano anterior. O total entregue a produtores de soja e milho em 2017 recuou 11,3% e 18,5%, também em função do adiamento das compras do insumo.