29/07/2022 - 9:30
E se finalmente todas as pessoas se vestissem como quisessem? Em um mundo onde as normas de gênero ainda estão profundamente enraizadas na sociedade, atores, cantores e influenciadores ajudam a normalizar itens tidos como femininos em seus guarda-roupas. Por isso os babados, brilhos, transparências, bolsas e até sapatos com salto e saias estão cada vez mais presentes nas redes sociais, nas passarelas e nos tapetes vermelhos mundo afora. Com a popularidade da tendência, as ruas e as lojas de departamento nunca foram tão plurais como agora. Para ver a mudança, basta ir até a rede social mais próxima. Enzo Celulari, empresário filho de Cláudia Raia e Edson Celulari, é um galã de sua geração e, aos 25 anos, abusa de cores chamativas, pinta as unhas e sua sexualidade não vira assunto por causa dessas decisões.
de grife (Crédito:Daniele Venturelli)
O mesmo acontece com outro herdeiro, o filho de Mick Jagger e Luciana Gimenez, o influenciador Lucas Jagger. O rapaz, que já foi alvo de chacota por suas escolhas de estilo no passado, acabou herdando do pai o tom provocador para responder a esse tipo de questão e, aos 23 anos, se tornou um ícone fashion. Seu visual na plateia dos desfiles europeus de moda masculina ganhou as páginas das revistas. Elegante, porta uma bolsa de grife aonde vai, sempre mostrando detalhes da sua personalidade em acessórios coloridos, como pulseiras, óculos e sapatos.
Já o ator Jesuíta Barbosa, no ar em Pantanal, mesmo que use jeans rasgados e camiseta, dá a entender que com ele o gênero de seu vestuário é difícil de determinar, já que sempre há um detalhe para tirar a banalidade da cena. Se agora a probabilidade de sofrer bullying ou cancelamento por causa de um sapato de salto é pequena, desafiar as normas sociais não é algo novo. A moda de gênero fluido existe há milhares de anos e muitas coisas consideradas de “menina” eram usados por “meninos” em outras épocas, como os saltos, popularizados pelos reis franceses, e a maquiagem delineada usada pelos homens do antigo Egito.
Galã de Hollywood
Na música, David Bowie, Grace Jones e Freddy Mercury são apenas alguns dos artistas que lançaram tendências globais até hoje amplamente discutidas. O cantor britânico Harry Styles traz uma continuação dessa trajetória da moda no meio musical. E, como a ousadia não é restrita aos jovens, um dos looks mais comentados do mês foi a escolha de Brad Pitt de ir com uma saia à pré-estreia de seu mais novo filme. A foto do astro no tapete vermelho circulou o mundo, mas essa não é a primeira vez que um dos homens considerados um dos mais bonitos do planeta, teve essa atitude. Em 1999, para promover “Clube da Luta”, longa que em sua essência investiga os perigos da masculinidade e a obsessão em alcançar o status de macho alfa, Pitt estampou a capa da revista Rolling Stone usando um micro vestido colado ao corpo.
Para o estilista Theo Alexandre, responsável pela Thear Vestuário, esse comportamento da moda é, de fato, uma maneira de questionar a masculinidade tóxica. “O que é de homem e o que é de mulher? Essa pergunta parece até datada. Estamos vivendo esse período de naturalização e essa nova geração tem trazido muito isso”, explica. Para Alexandre, até em situações mais discretas é possível ver homens usando tecidos finos, como a viscose, aliados ao pink, uma cor que era pouco usada até há pouco tempo.
