Embora tenha citado o Banco Central entre as primeiras categorias que devem ter mesas setoriais de negociação com o governo, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, adiantou nesta terça-feira, 11, ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a carreira não deve ter uma reestruturação no curto prazo.

Segundo a ministra, os servidores da Funai e da Agência Nacional de Mineração (ANM) podem ser contemplados no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, mas não há previsão para atender agora as demandas dos funcionários do BC. Em operação padrão, os servidores da autoridade monetária pedem a reestruturação da carreira e a realização de novos concursos.

“Será a aberta a mesa, mas tem um processo de negociação que não temos como prever o tempo. No caso do BC, não tem questão de reestruturação, sinceramente. Eles querem aumento, como todo mundo, e um bônus como o da Receita. O BC é uma carreira que não se compara com as carreiras que realmente precisam de reestruturação, como é o caso da Funai e da ANM. O BC está muito próximo de outras carreiras que já são bem estruturadas”, afirmou a ministra.

Nas últimas semanas, diversos diretores do BC e o próprio presidente da instituição, Roberto Campos Neto, vieram a público engrossar o coro de insatisfação dos servidores, citando a falta de quadros técnicos após dez anos sem concursos. O corpo funcional da autarquia também se ressente de assimetrias remuneratórias com outros órgãos, como a Receita Federal, cujo bônus de produtividade foi regulamentado neste ano.

“Já conversei com o presidente Campos Neto e já expliquei para ele. Ele entende que estamos em processo de diálogo”, acrescentou Esther Dweck hoje. A ministra assinou hoje portaria com os princípios e regras de funcionamento da Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP) com servidores federais.

Presente no evento, o presidente Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, avaliou que a categoria gostaria de uma reestruturação antes mesmo da realização de novos concursos. “Entendemos que carreiras com maior defasagem devem ter concursos antes, mas da nossa parte a negociação está aberta”, avaliou.

Ontem, a diretora de Administração do BC, Carolina Assis de Barros, alertou para o risco operacional decorrente das atuais condições de trabalho no órgão. Ela citou a falta de quadros técnicos e as assimetrias de remuneração em relação a outras carreiras do Executivo.

“Enfrentamos o momento mais delicado da história do corpo funcional do BC, e isso vem se arrastando desde 2016. Temos questões remuneratórias, não remuneratórias e o esvaziamento dos quadros”, afirmou na live semanal da autoridade monetária.