Para o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana, todo o setor elétrico brasileiro deveria ser privado. No início, havia um propósito de ter estatais para desenvolver o mercado e fazer investimentos necessários. Mas hoje, diz, não faz sentido manter a Eletrobras estatal, sem poder de investimento.

A privatização da Eletrobras reduzirá a tarifa?

Acredito que o efeito imediato é reduzir, pois o valor da privatização vai compor a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). São R$ 32 bilhões que irão para essa conta de forma parcelada anualmente. Por outro lado, há as cotas das usinas da Eletrobras, cujo preço da energia é mais barato. Ao privatizar, passaria a seguir o valor de mercado. Mas nem isso garante que a tarifa vai aumentar.

Só saberemos no futuro?

Sim. A descotização da energia das usinas da Eletrobras vai ocorrer em 5 anos. A cada ano, 20% da energia deixará de ser cota (sistema que garante preço mais baixo) e vai para o mercado. Só ao fim desse processo saberemos o efeito.

O modelo é o melhor para privatizar a Eletrobras?

É um bom modelo, por ser rápido. Se fosse o tradicional, com um único comprador, seria mais demorado, mas se arrecadaria mais.

Por que essa pressa?

O governo tem pressa porque acha que vai reduzir a tarifa. O Tesouro também está precisando de dinheiro. A privatização vai colocar na mão do Tesouro R$ 25 bilhões.

A privatização da Eletrobras é um bom negócio?

Sim. Todo o setor elétrico deveria ser privado. A Eletrobras não tem participado de leilão de transmissão porque não tem dinheiro para investir. Com capital privado, será possível. No início, havia um propósito de ter estatal de energia. Agora, não faz mais sentido. É só mais empresas para o uso político.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.