O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou após se tornar réu no inquérito que investiga o plano de golpe de Estado, por unanimidade pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quarta-feira, 26.
Aos jornalistas, Bolsonaro disse que hoje resolveu não acompanhar o julgamento presencialmente, “porque já sabia o que ia acontecer”. “Parece que tem algo pessoal contra mim. Vivemos momento de intranquilidade por causa da criatividade de alguns. A acusação é muito grave e infundada”, completou.
Ele destacou que a acusação de deterioração de patrimônio tombado seria infundada, pois estava nos Estados Unidos no momento em que seus apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF). “Eu preso ou morto se estivesse no Brasil no 8 de Janeiro”, afirmou.
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O ex-presidente citou o atual ministro da Defesa, José Múcio, para reforçar que o “quebra-quebra” no atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 não foi uma tentativa de golpe.
Ao falar sobre o ministro Alexandre de Moraes usar um vídeo para demonstrar a violência durante as ações antidemocráticas, o capitão da reserva afirmou que realizou um pronunciamento dizendo que manifestações “são sempre bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os mesmos da esquerda, que procura prejudicar a população”.
Bolsonaro destacou que fez um vídeo pedindo aos apoiadores para que se desmobilizassem na frente dos quartéis do Exército. Em seguida, afirmou que facilitou o encontro de Múcio com comandantes das Forças no decorrer da transição de governo. Por conta disso, não teria como elaborar um golpe de Estado.
“Demos continuidade à transição. Os caminhoneiros obstruíram vias pelo Brasil. Eu fiz um vídeo pra eles pararem. Eles cumpriram meu pedido. Durante a transição, tive um encontro no começo de dezembro com José Múcio. Ele foi me pedir um apoio. No dia seguinte, ele foi atendido em tudo.”
Bolsonaro ressaltou que, no seu entendimento, para se realizar um golpe pressupõe a mobilização de “parlamento, setores da economia, empresários, sociedade”. “Ficou convencido o relator Moraes que existia um documento de estado de defesa. Mas, antes da suposta assinatura, o presidente da República tem que reunir com conselho. Não convoquei conselhos e nem atos preparatórios”, completou.
O ex-presidente e outras sete pessoas se tornaram réus por uma suposta tentativa de golpe de Estado depois de perder a eleição presidencial de 2022, para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por 5 a 0, o STF aceitou a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).