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Foi inaugurada na semana passada uma das mais espetaculares exposições de obras do artista plástico brasileiro Candido Portinari (1903-1962). A mostra está no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e nela o público poderá admirar cinquenta quadros, somando-se trabalhos inéditos com outros ainda pouco conhecidos. São exemplos disso o guache A morte cavalgando, de 1955, que compõe um dos estudos para o painel Guerra e Paz, ponto alto na visita de qualquer cidadão do mundo à sede da ONU; o painel a óleo em madeira Flora e fauna brasileiras, de 1934; e Jangada e carcaça, de 1940. A arte de Portinari foi determinante para a formação da estética modernista no País a partir da década de 1930. Não é sem motivo, portanto, que a exposição chama-se Portinari raros. A mostra tem curadoria de Marcello Dantas.

PENSADOR Candido Portinari: trabalho decisivo após a década de 1930 (Crédito:Divulgação)

LIVROS
Dívida com o passado

Em um Brasil no qual a democracia racial é mera figura de retórica, há um excelente e inteligente livro na praça. Leitura obrigatória. Trata-se de Escravidão na poesia brasileira: do século XVII ao XXI, organizado pelo poeta e ensaísta Alexei Bueno (Editora Record). Reúne entre outros autores: Luís Gama, Castro Alves, Gonçalves Dias, Machado de Assis (que não se considerava bom nas rimas), Ariano Suassuna – destaque para Carlos de Assumpção, com o clássico poema Protesto, que segue a inspirar ativistas dos movimentos contra o preconceito racial. O regime escravagista no Brasil (foto) durou de 1530 a 1888. A dívida histórica com o passado continua em aberto.

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Trecho de Protesto

Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
(Carlos de Assumpção)

PRECONCEITO
Nelson Piquet chama Lewis Hamilton de “neguinho”

VEXAME Piquet dirigiu o carro para Bolsonaro no último Sete de Setembro: o ex-piloto já foi melhor nas pistas do que é na política (Crédito:Pedro Ladeira)

Mais um labéu suja a reputação desse pobre Brasil no exterior. Dessa vez o demérito é do tricampeão brasileiro de Fórmula 1 Nelson Piquet – e, ainda que indiretamente, Jair Bolsonaro surge no contexto. Revelou-se que no final do ano passado, em um vídeo, Piquet chamou o heptacampeão, também de F-1, Lewis Hamilton de “neguinho”. É preconceito racial, e aí entra Bolsonaro, mestre em enlamear o País perante o mundo: Piquet foi o motorista do presidente no Sete de Setembro do ano passado, ocasião em que Bolsonaro sonhou com um golpe e acordou brincando com sua coleção de soldadinhos de chumbo. “Hoje, sou Bolsonaro até a morte”, já disse Piquet.

IMIGRAÇÃO
A fronteira que é uma sentença de morte

HIPERTERMIA Caminhão em San Antonio, no Texas, com 51 mortos: corpos em seu interior e próximos a ele (Crédito:Eric Gay)

A escaldante cidade texana de San Antonio, ao longo de seus 250 quilômetros de fronteira dos EUA com o México, é um dos principais pontos de entrada de imigrantes ilegais em território americano. Na semana passada, nessa região, foi localizado um caminhão abandonado, com carroçaria fechada e uma de suas portas quebradas, sem ventilação adequada e sem água. Nele havia 51 pessoas mortas. Outros dezesseis ocupantes, entre os quais quatro crianças, sobreviveram. Causa da morte: hipertermia a 40 graus. As vítimas são mexicanas, hondurenhas e guatemaltecas. Segundo a Organização Internacional para Imigração, há hoje 272 milhões de emigrantes internacionais – todos fogem da fome que se alastra pelo planeta. “Esses fatos estão relacionados com situações de extrema pobreza”, disse o presidente do México, Andrés Lopes Obrador.