Fazia alguns anos que um maestro tão afinado com sua orquestra não pisava no gramado do Morumbi. Nesta quarta-feira, James Rodríguez regeu a equipe da Colômbia com qualidade, paciência e liderança, foi decisivo na vitória sobre o Catar por 1 a 0, provando a todos que ele tem bola para jogar em qualquer equipe do mundo – o Real Madrid tenta negociá-lo.

“Foi um jogo difícil. Nós falamos antes da partida que eles iriam jogar desta maneira, o tempo todo atrás, mas, no final, se fez justiça com o gol porque fizemos um jogo muito bom”, afirmou James, responsável pela assistência para o gol de Zapata e eleito o melhor campo neste confronto válido pela segunda rodada da fase de grupos da Copa América.

A vitória colocou os colombianos nas quartas de final com uma rodada de antecipação. Para o meia, o objetivo da Colômbia vai muito além de avançar à segunda fase. “Já temos de pensar no próximo jogo e nas quartas de final. Sempre tentamos, jogamos bem e, quando temos bons jogadores, algumas variantes aparecem. Estamos no caminho certo, mas falta muito para o que queremos.”

Emprestado pelo clube merengue ao Bayern de Munique, James deverá atuar no Napoli a partir de agosto. O time italiano é treinado por Carlo Ancelotti e os dois já trabalharam juntos na Alemanha. Artilheiro da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e autor do gol mais bonito daquele Mundial, o meia tem uma curiosa relação com o Brasil e é por aqui que ele desfila seu melhor futebol com a camisa também amarela da Colômbia.

Em 2009, James Rodríguez era apenas mais um dos garotos que sonhavam em jogar futebol. Ele estava na Argentina, no Banfield, que o contratou do seu primeiro clube, o Envigado. Lá, um dos olheiros do Palmeiras o indicou para a temporada. Jorginho, que treinou a equipe em alguns jogos do Campeonato Brasileiro daquele ano, vetou. Ele era “gordinho” demais.

O tempo se incumbiu de mostrar que o Palmeiras perdeu um grande reforço. Pouco tempo depois, James foi vendido ao Porto, onde aprendeu a falar português e foi vendido ao Monaco. Depois de sua excelente Copa em 2014, foi adquirido a peso de ouro pelo Real Madrid. Permaneceu até 2017 na Espanha, lutou contra contusões e não conseguiu se firmar como titular. Resolveu mudar de ares e foi parar na Alemanha.

Nesta quarta-feira, no Morumbi, James só faltou colocar a bola debaixo do braço. Depois de um primeiro tempo duro, na segunda etapa, o camisa 10 mudou a partida. Com seus passes em profundidade, empurrou o Catar para dentro da própria área.

Com ótima visão de jogo e calma, resolveu a partida com um toque de classe. De três dedos, colocou a bola dentro da área, na cabeça de Zapata, que só precisou cabecear no cantinho para finalmente vencer Alsheeb, o bom goleiro do Catar. Fim do show de James e esperança para a Colômbia voltar a conquistar a Copa América.