Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo reforçarão a segurança ante o temor de que a intervenção militar no Rio de Janeiro provoque uma fuga de facções, ou operações do crime organizado.

Os secretários de Segurança desses três estados expressaram nesta quinta-feira (22) essas preocupações em uma reunião em São Paulo com o ministro da Justiça, Torquato Jardim.

Durante a reunião, concordaram que a Polícia Rodoviária reforçasse a segurança nas estradas e que haja uma cooperação política, financeira e operacional entre esses três estados e o governo federal.

“Não acho provável que a migração aconteça da forma que as pessoas imaginam, o sujeito pegar a mala e sair do estado (do Rio). Mas é possível que haja migração de modalidades criminosas”, como o roubo de cargas, disse o secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, ao jornal Folha de S.Paulo.

“A situação no estado (de São Paulo) é de absoluta tranquilidade. Agora, nós precisamos, obviamente, conversar com os colegas dos demais estados, integrar melhor nesse momento as nossas Inteligências, pra possibilitar que esse quadro de tranquilidade que hoje existe, se mantenha”, declarou o secretário de Segurança de São Paulo, Mágino Alves.

Dentro do governo apareciam duas versões diferentes sobre os riscos.

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Para Jardim, “migração não há. Desde a Eco 92, a Copa do Mundo e as Olimpíadas nunca houve qualquer registro de migração de grupos (criminosos) do Rio para esses estados. O que afeta é o fluxo e a circulação da droga e da arma. Esse estrangulamento que nós vamos continuar aprimorando”, afirmou ao concluir a reunião.

De Brasília, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, manifestou, não obstante, que a migração do crime é “plausível”.

“Onde você tem uma eficácia maior das forças de segurança, o crime certamente migra. E nós temos, sim, essa é uma preocupação que a gente tem”, afirmou.

Jungmann assinalou que espera que o general Walter Braga Netto, nomeado interventor na área de Segurança do Rio, apresente na semana que vem os seus planos.

O presidente Michel Temer decretou na sexta-feira passada a intervenção do Rio para enfrentar o aumento da violência no estado.

A medida, inédita desde a restauração da democracia em 1985, foi duramente criticada por ONGs e até mesmo por procuradores e juízes, que colocam em dúvida sua eficácia e advertem sobre os riscos de violações dos direitos humanos nas comunidades.


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