Estados Unidos e Ucrânia voltam a negociar paz na Arábia Saudita

Estados Unidos e Ucrânia voltam a negociar paz na Arábia Saudita

Autoridades dos Estados Unidos e da Ucrânia se dirigiram à Arábia Saudita nesta segunda-feira (10/03) para retomar negociações sobre um cessar-fogo. É a primeira aproximação dos dois países desde a fatídica reunião entre Donald Trump e Volodimir Zelenski na Casa Branca, que levou Washington a suspender toda ajuda militar à Ucrânia.

Trump acusou Zelenski de ingratidão por não aceitar uma trégua ditada por EUA e Rússia. Ele agora espera forçar o presidente ucraniano a se sentar à mesa de negociações com Moscou – e a assinar o acordo que ficou pendente de exploração de terras raras na Ucrânia, uma riqueza mineral estratégica.

A delegação ucraniana, liderada pelo chefe de gabinete de Zelenski, Andriy Yermak, se reunirá na terça com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e outros representantes do governo americano na cidade saudita de Jeddah, considerada um terreno neutro.

Nenhum dos presidentes participará das conversas. Zelenski esteve na cidade nesta segunda para se encontrar com lideranças do governo saudita, que tem desempenhado um papel de mediador entre a Ucrânia e a Rússia.

“De nossa parte, estamos totalmente comprometidos com o diálogo construtivo e esperamos discutir e chegar a um acordo sobre as decisões e medidas necessárias”, disse Zelensli num post no X. “Propostas realistas estão sobre a mesa. A chave é agir de forma rápida e eficaz.”

Enquanto as negociações se arrastam, as forças russas intensificaram sua ofensiva, lançando ataques de mísseis balísticos contra milhares de tropas ucranianas que avançaram e se mantiveram por sete meses na região russa de Kursk.

O que está na mesa

“Temos uma proposta de cessar-fogo no céu e cessar-fogo no mar”, disse uma autoridade ucraniana à AFP, justificando que essas opções seriam “fáceis de instalar e monitorar”.

Marco Rubio indicou que a ideia é promissora. “Não estou dizendo que apenas isso seja suficiente, mas é o tipo de concessão que você precisaria ver para acabar com o conflito”, disse aos repórteres.

“Você não conseguirá um cessar-fogo e o fim desta guerra a menos que ambos os lados façam concessões”, acrescentou.

Rubio afirmou que esperava “resolver” a suspensão da ajuda militar que está ameaçando prejudicar a campanha da Ucrânia.

“Acho que a noção da pausa na ajuda, de modo geral, é algo que espero que possamos resolver. Obviamente, o que acontecer amanhã será fundamental para isso”, disse ele.

Após a crise no Salão Oval, Zelenski procurou estreitar os laços com o líder norte-americano. O presidente ucraniano diz que está disposto a assinar um acordo sobre a exploração de terras raras, embora pareça improvável que ele obtenha garantias de segurança dos EUA, que Kiev considera vitais para evitar futuros ataques russos.

Com o suporte dos Estados Unidos em dúvida, Zelenski procurou obter apoio europeu, no que foi atendido. Os líderes da região têm buscado reunir recursos para tornar a região menos dependente dos Estados Unidos para a sua defesa. Ainda assim, o presidente ucraniano tem sido pressionado a salvar o relacionamento com Washington, que tem sido o maior apoiador militar da Ucrânia desde a invasão russa de 2022.

Trump disse a repórteres, a bordo do Air Force One, que os EUA estavam “quase” prontos para retomar a ajuda. “Queremos fazer tudo o que pudermos para que a Ucrânia leve a sério a ideia de fazer algo”, disse.

Espera-se que o lado ucraniano proponha um plano de paz que inclua o fim dos ataques de drones e mísseis, bem como a suspensão das atividades militares no Mar Negro. Zelenski disse que a proposta seria um teste do compromisso da Rússia em acabar com a guerra. Até o momento, porém, Vladimir Putin não demonstrou interesse em um cessar-fogo

Zelenski também disse no início de março que estava pronto para assinar o acordo, dias depois da discussão inflamada com Trump e o vice-presidente dos EUA, JD Vance, no Salão Oval.