Ataques aéreos foram lançados contra o grupo rebelde conhecido como Houthis, do Iêmen, pelos Estados Unidos e Reino Unido durante a quinta-feira, 11. A ação das potências ocidentais é uma resposta às agressões cometidas pela facção iemenita contra navegações que cruzavam o Mar Vermelho que iriam para Israel como forma de apoio ao Hamas.

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O presidente estadunidense Joe Biden anunciou por meio de um comunicado que a ação foi bem sucedida e contou com apoio de países como Austrália, Bahrein, Canadá, e os Países Baixos. “Não hesitarei em efetuar outras medidas para proteger nosso povo e o comércio internacional, se necessário”, declarou o democrata, complementando que qualquer tipo de ação similar por parte dos Houthis não será tolerada.

De acordo com a Casa Branca, mais de 50 países foram afetados pelos 27 ataques ordenados pelos Houthis, que utilizaram mísseis balísticos anti-navio pela primeira vez na história. Na terça-feira, 9, o grupo rebelde teria lançado o maior ataque já registrado por parte da facção iemenita, visando atingir principalmente embarcações estadunidenses. Tripulações de mais de 20 países foram vítimas de ameaças ou sequestros em atos de pirataria.

Quem são os Houthis?

Os Houthis são um grupo rebelde formado durante os anos 1990, que controla parte do território do Iêmen desde o início da guerra civil que passou a assolar o país em 2014. A facção integra um conjunto intitulado de “Eixo de Resistência”, uma aliança não formalizada que tem como líder o Irã, mas possui membros como o Hezbollah, do Líbano, grupos palestinos e iraquianos, a Síria, entre outros.

O grupo rebelde é caracterizado pelo antissemitismo e um forte sentimento antiamericano, o que justifica os ataques cometidos por parte da milícia contra embarcações que estariam envolvidas no comércio com Israel. O slogan do grupo é: “Morte à América, Morte a Israel, amaldiçoe os judeus e vitória ao Islã”.

A facção possui um grande arsenal de armas e drones, além dos mísseis antinavio. De acordo com os Houthis, os únicos que possuem passagem liberada pelo Mar Vermelho são cargueiros que levam ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

As agressões seriam uma demonstração clara de apoio ao Hamas, e os Houthis até mesmo bombardearam a cidade de Eilat, no sul de Israel. Entretanto, embarcações que não estão envolvidas na guerra entre Israel e o Hamas também foram atacadas. O Irã é um dos envolvidos por ser apoiador da milícia iemenita, e possuir uma grande rivalidade com o país hebreu, em um conflito de interesses que envolve sabotagens, assassinatos e ataques cibernéticos.

O movimento palestino Hamas declarou após os bombardeios que o ataque cometido pelas potências ocidentais irá gerar uma repercussão na segurança regional, e condenou a medida tomada pelos Estados Unidos durante a sexta-feira, 12. Os Houthis informaram que cinco de seus morreram e outros seis ficaram feridos após as agressões cometidas contra os alvos que incluíam Sanaa, a capital do Iêmen.

Relação com comércio internacional

Segundo as autoridades estadunidenses, mais de dois mil navios tiveram de alterar a rota para evitar o Mar Vermelho, o que pode causar várias semanas de atraso nos envios de produtos. O trecho do Oceano Índico é essencial para o comércio internacional, já que serve de caminho para o Canal de Suez, que faz conexão entre os mercados da Ásia e da Europa sem que haja a necessidade das embarcações contornarem o continente africano.

O Canal de Suez é responsável por 10% de todo o comércio mundial, e quatro grandes companhias marítimas já suspenderam as atividades no Mar Vermelho, entre elas a MSC, CMA CGM, Hapag-Lloyd, e Maersk. Além disso, uma taxa por risco de guerra passou a ser cobrada pelas empresas, mas espera-se que isso não irá alterar o valor de produtos aos consumidores mundo afora.

Até então, a Casa Branca expressou que 27 embarcações foram atingidas por ataques Houthi desde quando as agressões começaram durante o ano passado. Patrulhas de navios estadunidenses e de outros países são realizadas para que a área entre o estreito de Babelmândebe, entre o Iêmen e o Djibouti, e o Canal de Suez esteja sempre aberta para a passagem de cargueiros.