25/10/2023 - 1:43
Mais de 40 estados americanos entraram com um processo contra a gigante da tecnologia Meta, no qual acusam suas redes sociais, Facebook e Instagram, de prejudicar “a saúde física e mental dos jovens”, segundo o documento apresentado perante um tribunal da Califórnia nesta terça-feira (24).
“A Meta explorou tecnologias poderosas e sem precedentes para atrair (…) e, em última instância, prender jovens e adolescentes com o objetivo de obter lucros”, afirmam os procuradores-gerais dos estados nos quais a denúncia, à qual a AFP teve acesso, foi apresentada.
Os estados, governados tanto por democratas quanto por republicanos, acrescentam que o grupo californiano “ocultou a forma como estas plataformas exploram e manipulam seus consumidores mais vulneráveis” e “negligenciaram os danos consideráveis que essas plataformas causaram à saúde mental e à saúde física dos jovens do nosso país”.
Contactada pela AFP, a Meta declarou-se “decepcionada de que os procuradores-gerais tenham escolhido esse caminho, ao invés de trabalhar produtivamente com as empresas do setor para criar normas claras e adaptadas à idade dos inúmeros aplicativos usados por adolescentes”.
“Compartilhamos o compromisso dos procuradores-gerais de proporcionar aos adolescentes experiências online seguras e positivas, e já introduzimos mais de 30 ferramentas para apoiar os adolescentes e suas famílias”, destacou um porta-voz do grupo.
A ação legal é o ponto culminante das investigações iniciadas em 2021 sobre os métodos das duas plataformas, considerados “viciantes” pelas autoridades.
– Conexão ilimitada –
Os procuradores-gerais decidiram tomar as rédeas do assunto este ano, depois que uma ex-funcionária do Facebook ligou o sinal de alerta sobre as práticas de sua antiga empresa.
A engenheira de informática Frances Haugen vazou mais de 20.000 páginas de documentos internos e denunciou ante parlamentos de vários países que a rede social colocava seus lucros à frente da segurança dos usuários.
Segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira, as funções do Facebook e Instagram foram desenhadas para “manipular os usuários jovens para que façam um uso compulsivo e prolongado das plataformas”.
Os procuradores acusam a Meta de mentir para o público, ao assegurar que seus produtos eram seguros e adequados para adolescentes, e de “publicar propagandas enganosas” a respeito.
O processo também acusa a Meta de violar a Lei de Privacidade Infantil.
Os estados pedem aos tribunais que obriguem a Meta a encerrar suas práticas e exigem o pagamento de multas.
“Com a ação legal de hoje, marcamos a linha que não deve ser ultrapassada”, disse o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, em um comunicado.
“Devemos proteger nossos filhos e não voltaremos atrás nessa luta”, sentenciou.