A insistência em ocultar informações militares responsabilizou o Estado mexicano pelo desaparecimento de 43 estudantes da escola rural de magistério de Ayotzinapa, em 2014, denunciaram nesta terça-feira (25) especialistas independentes que investigaram o caso.

O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) apresentou o seu sexto e último relatório sobre as apurações iniciadas em 2015, após um acordo do México com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

“A ocultação desta informação (…) passou a ser da responsabilidade do Estado no desaparecimento dos jovens”, disse o espanhol Carlos Beristain, integrante do grupo, ao apresentar o relatório em uma coletiva de imprensa.

Para o GIEI é “impossível” continuar as investigações diante da “ocultação e insistência em negar coisas que são óbvias” por parte do Estado, acrescentou.

O relatório questiona novamente e atuação do Exército mexicano. “Não só permitiu os ataques, mas os encobriu posteriormente e não forneceu informações verdadeiras sobre o ocorrido”, enfatizou.

Os estudantes desapareceram entre a noite de 26 e a madrugada de 27 de setembro de 2014, quando tentavam se apoderar de alguns ônibus para viajar à Cidade do México e participar de manifestações.

“Continuam mentindo sobre a ausência de informação em Sedena (Secretaria de Defesa), sobre o ocorrido ou sobre os documentos que tinham sobre o possível destino dos normalistas”, acrescentou Beristain.

A colombiana Ângela Buitrago destacou que a presença de policiais e militares no Palácio da Justiça de Iguala foi documentada justamente “quando levavam os meninos a destino desconhecido”.

O GIEI conclui sua investigação em meio a divergências com o atual governo do esquerdista Andrés Manuel López Obrador, que havia prometido dar pleno acesso às denúncias relacionadas ao caso.

A versão oficial, que segundo especialistas apresenta inúmeras “incoerências”, sugere que os estudantes foram detidos por policiais de Iguala em conluio com criminosos. O cartel Guerreros Unidos teria assassinado os jovens e depois desaparecido com seus corpos.

O GIEI foi criado em 2015 e estabeleceu um acordo de cooperação entre familiares dos jovens, o Governo mexicano e a CIDH.

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