O grupo Estado Islâmico reivindicou, nesta quinta-feira, 4, a autoria do atentado da véspera no sul do Irã, que deixou 84 mortos e 284 feridos, segundo o último balanço divulgado pelas autoridades iranianas.

O número de mortos foi revisado para baixo na manhã de quinta-feira pelo chefe dos serviços de emergência do Irã, ante um número anterior de 95.

“Segundo as últimas estatísticas, 84 pessoas morreram”, anunciou o chefe do serviço de emergência do país, Jafar Miadfar, na televisão estatal.

O atentado deixou “284 feridos”, dos quais “195 seguem hospitalizados”, acrescentou Miadfar.

A organização jihadista assegurou em seus canais no Telegram que dois de seus membros “ativaram seu cinturão de explosivos” em meio a “uma grande multidão de apóstatas, perto do túmulo de seu líder, Qasem Soleimani, ontem em Kerman, no sul do Irã”.

O grupo EI realizou essa operação em uma campanha denominada “E matem-nos por toda parte, onde os encontrarem”, segundo o comunicado.

Minutos antes da reivindicação do ataque, a organização havia divulgado uma gravação sonora na qual seu porta-voz afirmava que essa campanha foi realizada “em apoio aos muçulmanos, estejam onde estiverem, sobretudo na Palestina”.

A agência estatal Irna, a partir de “uma fonte informada”, já havia indicado que a primeira explosão foi provocada por um suicida, cujo corpo foi encontrado em pedaços.

A segunda explosão está sendo investigada, mas provavelmente também ocorreu devido a um ataque suicida, segundo a Irna.

O atentado – duas explosões em um intervalo de 15 minutos – ocorreu perto da mesquita de Saheb al Zaman em Kerman (sul), onde fica o túmulo do general Qasem Soleimani, encarregado pelas operações militares iranianas no Oriente Médio, assassinado pelos Estados Unidos no Iraque em 3 de janeiro de 2020.

As bombas explodiram quando uma multidão celebrava o quarto aniversário de sua morte.

O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, alertou, no entanto, que o balanço ainda poderia aumentar, já que alguns feridos se encontram em “estado crítico”.

O ataque ocorreu em plena tensão no Oriente Médio e um dia depois que o número dois do movimento islamista palestino Hamas, Saleh Al Aruri, aliado do Irã, morreu em um ataque em Beirute, que as autoridades libanesas atribuíram a Israel.

Ainda nesta quinta, Teerã decretou um “dia de luto nacional”, após o atentado mais sangrento do país desde 1978, quando um incêndio criminoso causou pelo menos 377 mortos em um cinema em Abadan (sudoeste), segundo os arquivos da AFP.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “resposta dura” e outros dirigentes iranianos acusaram Israel e Estados Unidos.

Israel, arqui-inimigo do Irã, não se pronunciou sobre o atentado e afirmou “estar concentrado nos combates” em Gaza.