Três semanas após a ação policial que deixou nove mortos em um baile funk, o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo anunciaram nesta sexta-feira, 20, uma série de 38 ações nas favelas de Paraisópolis e Heliópolis, na zona sul, com investimento previsto de R$ 250 milhões em 2020. O pacote, no entanto, deixa de fora a criação da Subprefeitura de Paraisópolis, uma das principais reivindicações dos moradores.

Chamado de Projeto Comunidade, a iniciativa prevê ações nas áreas como saúde, educação, infraestrutura e lazer. Entre os investimentos prometidos estão a canalização do Córrego do Antonico, a implantação de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPs), construção de três novas creches e uma pré-escola, além de mutirão para preencher 1,6 mil vagas de emprego em Paraisópolis.

O governador João Doria (PSDB) afirma que os investimentos seriam em resposta à tragédia no baile funk. “O projeto foi desenhado em função do episódio de Paraisópolis. Clara e objetivamente, esse é o fato”, diz. “É uma resposta do governo aos anseios da sociedade civil e é uma resposta também ao tema que nos sensibilizou – a mim, em especial, como governador de São Paulo.”

Segundo Doria, o projeto também deve ser implantado em outras comunidades da capital e da Grande São Paulo no futuro. O cronograma da ampliação não foi divulgado.

Uma das principais demandas, a criação de uma subprefeitura específica para atender os moradores de Paraisópolis e do Morumbi não foi contemplada pelo programa. Hoje, a comunidade está dividida entre duas subprefeituras, já que o distrito da Vila Andrade, onde está a maior parte da comunidade, pertence à Subprefeitura do Campo Limpo, enquanto o distrito do Morumbi, à Subprefeitura do Butantã.

O secretário municipal de governo, Mauro Ricardo, da gestão Bruno Covas (PSDB), afirma que a proposta foi negada. “A prefeitura avaliou e considerou que não deve ser implantada”, diz. “Se as soluções dos problemas fosse criar estruturas administrativas seria muito fácil.”

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“Recebemos 58 pedidos da comunidade e a gente está entregando 38 ações, muitas delas agrupando mais de um pedido”, diz a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen. Segundo afirma, demandas que não foram contempladas estariam em fase de estudo de viabilidade.

Comunidade quer polícia presente, diz Doria

No evento sobre o projeto, Doria também defendeu a atuação da Polícia Militar em comunidades de São Paulo e disse que a tragédia no pancadão ainda é alvo de investigação. “A polícia não é repressora e não é violenta”, afirmou. “Nós avaliamos que o sentimento da comunidade é para que a polícia esteja presente.”

“A maioria expressiva é de pessoas de bem, pessoas pacíficas, que querem viver as suas vidas: trabalhar, produzir, viver em paz e ter harmonia”, disse. “Não são pessoas que consomem pancadão, que vão ao pancadão, que consomem drogas ou que exageram nas suas manifestações.”


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