O estado de saúde do papa Francisco, que sofre de uma pneumonia nos dois pulmões, “continua crítico, mas estável”, informou o Vaticano na noite de terça-feira (25), no 12º dia de hospitalização, ressaltando que o pontífice, de 88 anos, havia trabalhado durante o dia.
“O estado clínico do Santo Padre continua crítico, mas estável”, indicou a Santa Sé em um breve comunicado, no qual acrescentou que “o prognóstico permanece reservado”.
A saúde de Jorge Bergoglio preocupa fiéis em todo o mundo, mas o Vaticano apontou que o jesuíta permanece ativo: “Pela manhã, após receber a eucaristia, retomou seu trabalho”.
Além disso, ele se submeteu a uma “TAC [tomografia computadorizada] de controle programada para o monitoramento radiológico da pneumonia bilateral”, uma infecção do tecido pulmonar potencialmente fatal.
Mais cedo, o Vaticano havia anunciado que o papa recebeu, na segunda-feira, a visita do secretário de Estado, o cardeal italiano Pietro Parolin, e do arcebispo Edgar Peña Parra, respectivamente o número dois e o número três da Santa Sé.
Durante esta visita, a primeira desde sua internação no hospital Gemelli, em Roma, Francisco autorizou a canonização de dois leigos, da Venezuela e da Itália, e convocou um consistório – uma assembleia de cardeais – cuja data ele não especificou.
José Gregorio Hernández Cisneros, conhecido como o “Médico dos Pobres” (1864-1919), foi beatificado em 30 de abril de 2021 em Caracas e agora se tornará o primeiro santo da Venezuela.
Uma fonte do Vaticano indicou na segunda-feira que Francisco conseguiu se levantar e comer normalmente e que estava de bom humor. Segundo a Santa Sé, ele chegou a ligar para a paróquia de Gaza, como faz desde o início da guerra.
“Todos estão rezando por você e lhe são muito gratos e todos lhe desejamos boa saúde”, disse o padre da paróquia Sagrada Família em Gaza, Gabriel Romanelli, cercado por fiéis, em um vídeo publicado pelo Vatican News.
Por outro lado, o Gabinete de Imprensa do Vaticano negou uma reportagem publicada na segunda-feira pelo semanário francês Paris Match, que dizia que o papa seria transferido em breve para outro hospital na Ilha Tiberina, em Roma.
Nesta terça-feira à tarde, apesar da chuva, centenas de fiéis se reuniram novamente na Praça de São Pedro para rezar pela recuperação do papa, após uma oração semelhante celebrada na véspera na presença de cerca de 30 cardeais.
A cena recordava as concentrações que aconteceram antes da morte de João Paulo II, em 2005, mas o cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, que coordenou o Conselho de Cardeais do papa, afirmou que “ainda não é momento para que ele vá para o céu”.
“É alguém que não recua diante das dificuldades, não desanima, não se paralisa e não deixa de seguir em frente”, disse ao jornal La Repubblica.
A igreja da comunidade argentina de Roma também realizará, nesta terça-feira, uma missa de apoio ao compatriota Jorge Bergoglio. Fiéis de origem vietnamita se reuniram nesta terça em frente ao hospital Gemelli, com cantos e orações, observou a AFPTV.
Líderes do mundo inteiro enviaram mensagens de encorajamento ao papa.
“A situação é muito grave, mas desejamos a ele uma recuperação”, declarou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto seu par francês, Emmanuel Macron, desejou uma “rápida recuperação”.
Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro disse na segunda-feira que havia enviado ao papa uma carta “expressando toda a nossa admiração” e descreveu Francisco como “um líder ético da humanidade (…) amado por todas as religiões”.
Esta hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, causa grande preocupação devido aos problemas anteriores que enfraqueceram a saúde do papa nos últimos anos. Entre outras coisas, ele passou por operações no cólon e no abdômen e tem dificuldade para andar.
A hospitalização do papa, líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos e chefe de Estado da Cidade do Vaticano, reacendeu as dúvidas sobre sua capacidade de exercer suas funções. O direito canônico não prevê nenhuma disposição em caso de problema grave que possa afetar a lucidez.
Também reacendeu as especulações de que o papa Francisco poderia renunciar, embora ele tenha dito diversas vezes que esse momento ainda não chegou.
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