Os torcedores mais veteranos não se incomodaram ao ver a tabela das duas últimas rodadas da fase de classificação do Campeonato Paulista, que será retomado a partir desta quarta-feira mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, com o Ituano mandando o seu jogo contra a Ferroviária no estádio do Canindé, a Inter de Limeira usando a Arena Corinthians ou a Ferroviária sendo mandante no Morumbi.

Desde a construção do Morumbi, em 1960, era normal Corinthians, Palmeiras e Santos levarem os seus jogos mais importantes do Pacaembu para o estádio do São Paulo em busca de maior público e mais dinheiro. Com isso, os grandes clássicos e finais de campeonatos eram disputados na casa do time tricolor, que faturava com o aluguel. Os rivais ficavam com a bilheteria.

O Corinthians por ter a antiquada “Fazendinha” sempre se apresentou na “casa” dos adversários. E guarda boas recordações. Em 1977, por exemplo, a final histórica do Paulistão contra a Ponte Preta, na qual encerrou um jejum de mais de 22 anos sem títulos, registrou o maior público do Morumbi com mais de 150 mil torcedores.

O Palestra Itália, espaço que atualmente o Palmeiras ostenta o Allianz Parque, também recebeu inúmeros jogos de seus rivais. Um dos maiores públicos do antigo estádio foi registrado em 1976, entre São Paulo e Corinthians, com vitória do clube alvinegro por 3 a 2, diante de 31.503 torcedores.

No Canindé, estádio da Portuguesa, os corintianos festejaram o massacre por 10 a 1 sobre o Tiradentes, do Piauí, pelo Campeonato Brasileiro de 1983, em uma das maiores atuações da equipe marcada pelo período da Democracia Corintiana.

Este clima amistoso entre os clubes durou até 2008, quando desentendimentos entre os presidentes Andrés Sanchéz e Juvenal Juvêncio retiraram os jogos do Corinthians do Morumbi. Depois viram as arenas e cada um passou a receber seus compromissos em seus campos. Uma marca da modernidade, que tirou um pouco do charme do futebol.