A esquerda liderada pelo primeiro-ministro trabalhista Jonas Gahr Støre ganhou nesta segunda-feira (8) as eleições legislativas na Noruega, marcadas pelo avanço da direita populista anti-imigração, segundo as primeiras projeções das redes de televisão.
O bloco de esquerda, que reúne cinco formações, obteria uma maioria apertada de entre 87 e 88 cadeiras das 169 que compõem o Storting, o Parlamento unicameral, contra 81 ou 82 para a oposição de direita, segundo estimativas distintas dos canais TV2 e NRK.
Neste próspero país produtor de petróleo de 5,6 milhões de habitantes, a campanha focou em questões internas como o custo de vida, as desigualdades, a saúde, a educação e a política fiscal, particularmente o imposto sobre o patrimônio.
“Há muito potencial para melhorar as coisas aqui, mas, na situação atual do mundo, acho que a estabilidade do governo é importante”, afirmou Amalie Sydtveit, uma fisioterapeuta de 30 anos, entrevistada na principal avenida de Oslo.
O cientista político Johannes Bergh, do Instituto de Pesquisa Social (ISF, na sigla em norueguês), com sede em Oslo, explicou à AFP que “uma das razões pelas quais Partido Trabalhista obtém bons resultados é que a situação internacional é um tanto incerta e que Støre tem vasta experiência”.
“A eleição de Donald Trump […], as discussões sobre as tarifas, a crescente incerteza que pesa sobre o comércio internacional, a guerra na Ucrânia […] Todas essas questões internacionais levam os eleitores a apoiarem o governo atual”, acrescentou Bergh.
Støre se beneficiou da implosão no início do ano da coalizão que unia os trabalhistas com o Partido do Centro, uma legenda eurocética focada nos interesses rurais.
Além disso, foi ajudado pela chegada ao governo do popular ex-secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
A direita, por sua vez, chegou dividida ao pleito: os conservadores da ex-primeira-ministra Erna Solberg, ficaram atrás nas pesquisas, e foram superados pelo Partido do Progresso (FrP) de Sylvi Listhaug, uma legenda populista anti-imigração, que agora é a principal força da oposição.
A Noruega faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas não da União Europeia, e compartilha fronteira com a Rússia no Ártico. Sua economia depende, em grande medida, das exportações.
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