Agitando muito na vida, a esquerda sempre quis ganhar no primeiro turno a eleição para prefeito de São Paulo. Trabalhando muito na vida, foi um conservador que levou o troféu popular desse pioneirismo: João Doria. Na segunda-feira passada sua gestão completou cem dias.

Esse é um dos motivos pelos quais ele vem sendo criticado por esquerdistas que renegam o princípio da meritocracia – é mais fácil e confortável não admitir inteligência nem esforço individual quando se prefere a ignorância ao estudo e corpo mole ao trabalho. Há, no entanto, outra razão para que a esquerda critique João Doria. Trata-se da saúde pública, área que o esquerdismo sucateou.

Cuidados com a saúde da população sempre foram promessas de candidato da esquerda, sempre frequentaram faixas de manifestações petistas, sempre serviram de palanque para o populismo de Lula. Tudo palavrório da boca para fora, é claro. Veio o conservador (graças a Deus) Doria, tirou a bandeira das mãos dos camiseta-vermelha, conseguiu toda a infraestrutura dos melhores hospitais particulares, organizou a rede pública e zerou a fila de gente carente que há anos esperava no SUS por uma simples radiografia. Quando entrega uma cartela de aspirina numa farmácia, a esquerda faz um carnaval.

A atual gestão municipal paulistana do PSDB lidou com o sucesso do programa Corujão da Saúde como o bom enxadrista lida com o xeque-mate que dá: a naturalidade que decorre da ação social weberianamente racional.

Ainda no campo da saúde pública, chovem críticas irresponsáveis sobre Doria, agora referentes a uma questão que (para sinapses não estreitas como costumam ser as da esquerda) deveria estar entre as profilaxias prioritárias em todo o território nacional.

O País é um dos recordistas mundiais no consumo de bebida alcoólica por adolescentes – e, como o álcool é fator de vulnerabilidade física e emocional para infecções por doenças sexualmente transmissíveis, também nessas enfermidades os índices crescem assustadoramente (da sífilis ao HIV). No Parque do Ibirapuera, um dos principais cartões postais do Brasil, Doria acertadamente instaurou a revista de jovens que frequentam o local para o famoso “rolezinho” (e vandalizam banheiros que acabam de ser instalados). Nessa revista, bebidas alcoólicas são apreendidas. Atenção: ninguém é proibido de entrar no parque, só não entra é a bebida – e não é para entrar mesmo! Por incrível que pareça, a iniciativa de Doria, que deveria inspirar outros governantes, foi chamada pelos pobres de espírito de preconceituosa e elitista.

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