Esquerda precisa construir ‘alternativas’ a Lula, diz Tabata

Deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP)
Deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) Foto: Vinicius Doti - Fotógrafo da Fundação FHC

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que a centro-esquerda precisa pensar em alternativas ao presidente Lula (PT) e que seu partido é o que “mais trabalha” por isso no campo.

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“Enquanto houver Lula, o PSB vai apoiá-lo, porque é quem tem condição de derrotar a extrema-direita. Mas e depois? Nós temos quadros jovens e estamos dando espaço para eles”, afirmou em palestra na Fundação Fernando Henrique Cardoso nesta segunda-feira, 8, em São Paulo.

Para Tabata, o PSB está “ao centro” em relação os petistas e têm buscado desenvolver uma agenda na segurança pública, onde a direita “ganha de W.O.”

“O debate ideológico é importante, mas falta ao ‘centro democrático’ falar do que importa para as pessoas e entregar soluções concretas. No debate ideologizado, nós perdemos [para a direita radical]”, afirmou a parlamentar.

Aos 31 anos, Tabata foi criticada pela militância de esquerda por votos como o favorável à Reforma da Previdência e esteve em lado oposto a Lula nas eleições de 2024, quando enfrentou Guilherme Boulos (PSOL) pela prefeitura de São Paulo e terminou na quarta posição. À IstoÉ, ela se definiu como uma política de “centro-esquerda” e disse não ver problemas nas críticas de ambos os lados.

Polarização “obstrui discussões”

Na Fundação FHC, a pessebista expôs sua defesa da atividade parlamentar voltada a ações concretas e distante de temas ideológicos.

Segundo a pessebista, a polarização provocou a obstrução de debates como a regulação das redes sociais — recentemente, a Câmara aprovou um projeto seu que inibe a monetização de conteúdos infantis nessas plataformas. “A polarização deixou mais da metade do Congresso incapaz de ver que estamos abrindo mão de proteger crianças de pedófilos e os dados dos brasileiros no Pix”.

”Ser contra a regulação [das redes sociais não é defender a liberdade de expressão. Isso é uma falsa dicotomia”, concluiu.

Condenação de Bolsonaro é “prova de resiliência”

Em entrevista à IstoÉ após o evento, a deputada afirmou que “a leitura do mundo, à esquerda e à direita, é de que a democracia brasileira foi muito resiliente na forma como desmontou a tentativa de golpe, que não contou com apoio nem das Forças Armadas. O mundo olha para essa votação [julgamento] como último capítulo dessa história, para entender se de fato nós saímos melhor do que outras democracias que foram atacadas recentemente”.